Proposta elaborada pela estudante é a de um aplicativo com design inclusivo para mulheres com TDAH
Aluna do curso de Design Gráfico da UNIVALE, Rafaela Mathina teve um trabalho aprovado para apresentar no 5º Colóquio de Pesquisa em Design e Artes, evento de abrangência nacional que será realizado pelas instituições cearenses Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade Federal do Cariri (UFCA), entre os dias 5 e 7 de novembro. O trabalho é a proposta de um produto digital para apoiar mulheres neurodivergentes na construção de rotinas possíveis, um aplicativo com design inclusivo para auxiliar mulheres com diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Inscrito no colóquio com o nome “Design inclusivo para a neurodivergência feminina – proposta de um aplicativo para mulheres com TDAH”, o projeto será apresentado de forma remota, como parte do eixo “Saberes Situados, Tecnologias e Modos de Produção”, que destaca práticas que ressignificam os modos de produção e ensino, e ainda investiga como o design e as artes podem integrar abordagens críticas que reconheçam as tecnologias não apenas como ferramentas, mas como entidades ativas na configuração dos coletivos e das ecologias em que se inserem.
O desenvolvimento do aplicativo Rotinas Possíveis foi pensado inicialmente como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Rafaela. Mas a inspiração, ela revela, veio de motivos muito pessoais: em 2025 a aluna retornou à UNIVALE após interromper os estudos por 12 anos, quando se tornou mãe. Antes disso, em 2020, Rafaela recebeu um diagnóstico de TDAH.
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“Decidi colocar minha própria história dentro do meu projeto de conclusão de curso. Misturei design de produtos digitais, tecnologias para saúde e bem-estar, tecnologias assistivas, inteligência artificial, apps, centralidade no ser humano, mentes atípicas e recorte de gênero. O trabalho era um aplicativo que auxiliava na rotina de mulheres neurodivergentes. Um espaço seguro de desenvolvimento de autoconfiança e autonomia. O trabalho foi feito com relatos de centenas de mulheres, mas também falava de mim, das minhas dores, das minhas frustrações, das vezes em que me senti invisível e dos desafios de ocupar espaços”, pontuou.

Rafaela acredita que, por meio do design, sua ideia pode criar soluções de forma ética para problemas reais da sociedade. O projeto, que também fala sobre a estudante, nasceu da escuta de mulheres que vivem em ciclos de esquecimento, culpa e sobrecarga emocional – muitas dessas mulheres, acrescentou Rafaela, assim como a própria estudante, tiveram um diagnóstico tardio e só descobriram o TDAH depois de uma longa trajetória de sofrimento invisível. “Mais do que produtividade, o projeto oferece rotinas possíveis, acolhimento e suporte para os dias bons – e para os dias difíceis também”, destacou.
O aplicativo Rotinas Possíveis, ela salienta, foi pensado para mulheres neurodivergentes que vivem entre o desejo de se organizar e o peso da sobrecarga emocional. “Havia algo em mim que eu sentia desde sempre. Uma sensação persistente de inadequação, que me acompanhou por toda a vida. Muitas vezes percebia que minha cabeça não funcionava como a das outras pessoas. Ouvi julgamentos que me feriram, diminuindo minha autoestima e meu senso de merecimento. Para suportar, aprendi a usar uma máscara social, mas, por dentro, carregava o peso de não poder ser inteira”, afirmou a aluna.
Depois de pausar os estudos por mais de uma década, a previsão de Rafaela é a de concluir a graduação ao final deste ano. “Nesse processo agradeço especialmente à professora Rosilene Maciel, que me orientou em meu trabalho [e foi creditada como coautora na inscrição do Colóquio], me ajudou na publicação e não me deixou desistir, e ao coordenador Elton Binda, pela paciência e persistência nesta aluna aqui”, frisou a estudante.
