No ambiente acadêmico, a inclusão de estudantes com diferentes necessidades é uma pauta que ganha cada vez mais relevância. E no Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril, a reflexão sobre a importância da inclusão e do suporte a esses alunos é ainda mais significativa.
A vida universitária para um autista pode ser marcada por obstáculos, especialmente em um modelo de ensino que nem sempre é adaptado às suas necessidades específicas. Com isso, as universidades têm um papel crucial em se preparar para apoiar e incentivar o sucesso desses alunos. Isso envolve desde a conscientização sobre o autismo até a implementação de práticas que promovam um ambiente acolhedor e inclusivo.
Ao conhecer uma pessoa com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), é importante valorizar seu ponto forte e incentivá-la a participar de suas atividades acadêmicas. Colaborar com o ambiente sensorial, fornecer informações claras e antecipadas, e promover um ambiente de acolhimento e respeito na sala de aula são medidas que podem fazer a diferença. A jornada de inclusão no ensino superior para alunos autistas é um desafio que requer o comprometimento de toda a comunidade acadêmica.
Essa visão é reforçada pela psicóloga do serviço de inclusão da UNIVALE do Espaço de Apoio ao Aluno (Espaço A3), Adelice Bicalho. “É realmente fundamental que as instituições de ensino ofereçam esse suporte, garantindo que esses alunos tenham acesso igualitário à educação superior”, destaca.
Legislação e compromisso com a inclusão
A legislação, como a Lei 13.146/2015, garante o direito à adaptação e suporte para estudantes com deficiência, e a UNIVALE está empenhada em seguir essas diretrizes. Medidas como adaptações no tempo de avaliação e nos locais de provas são essenciais para que os alunos autistas possam realizar seus exames com tranquilidade já é realidade na instituição.
Declarar o diagnóstico é uma escolha pessoal, e muitos estudantes relutam por receio de atitudes negativas dos colegas de classe, muitas vezes baseados em experiências ruins durante a infância e a adolescência. “O dilema que muitos estudantes autistas enfrentam ao ingressar na universidade é o equilíbrio entre acessar os serviços de suporte à pessoa com deficiência e o medo de que isso possa prejudicar sua integração social”, acrescenta Adelice.
Estudante do 3º período do curso de Psicologia da UNIVALE, Isabella Koury de Souza, hoje com 18 anos, recebeu o diagnóstico de autismo aos 16 anos. Quando ingressou na universidade, como muitos estudantes, enfrentou a ansiedade típica da transição para o ensino superior. “Quando eu entrei na universidade, estava muito ansiosa. Não sabia o que iriam pensar de mim e pensei que não ia conseguir me adaptar”, afirma Isabella. Com receios e incertezas sobre sua adaptação, ela se surpreendeu positivamente com o ambiente acolhedor que encontrou na universidade.
“Eu tinha uma visão de ensino superior de filmes, onde tudo é muito estereotipado, não existe inclusão, e seria impossível eu me encaixar em um lugar desses”, relembra Isabella. No entanto, com o suporte caloroso de sua família e amigos, descobriu que a realidade era bem diferente. A recepção acolhedora que recebeu foi essencial para sua jornada acadêmica e pessoal.
Isabella acredita firmemente que as instituições de ensino têm um papel crucial em promover a inclusão e apoiar ativamente seus alunos. Para ela, isso vai além de fornecer adaptações necessárias, mas também ouvir as vozes dos próprios alunos e trazer perspectivas diversas para o debate.
“Uma coisa que eu sinto falta às vezes, quando falamos de inclusão, é de dar abertura para que a própria pessoa a ser incluída fale, não um porta-voz. Acredito que poderíamos ter mais palestras apresentadas por pessoas com transtornos e deficiências, e não apenas pessoas que estudam o assunto”, destaca Isabella.
Os desafios e estratégias para a inclusão de estudantes autistas no ensino superior
O Censo da Educação Superior, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), revela não apenas números, mas também desafios e oportunidades dentro do sistema educacional brasileiro. De acordo com os últimos dados disponíveis, cerca de 4.018 pessoas com TEA estão matriculadas em cursos de graduação presenciais e a distância, representando uma parcela significativamente pequena do total de 8,5 milhões de estudantes no ensino superior no Brasil.
A UNIVALE atende 12 estudantes com o TEA, matriculados em cursos como Psicologia, Medicina, Medicina Veterinária, Engenharia e Agronomia. Conhecer a necessidade de cada um deles, e fornecer recursos para a melhor adaptação do estudante, faz parte do dia a dia dos profissionais envolvidos no Espaço A3.
“A escuta atenta às experiências dos alunos e suas famílias é crucial para oferecer um suporte efetivo e personalizado. Um dos principais desafios é a comunicação, onde palestras e aulas expositivas podem representar obstáculos. Nossa função é tornar tudo o mais simples possível para quem tem o transtorno. É importante oferecer serviços de aconselhamento e acompanhamento psicopedagógico. Criar ambientes inclusivos e acolhedores é essencial para permitir que todos os estudantes alcancem seu potencial máximo, independentemente de suas características individuais”, afirma Adelice.
Valorize as capacidades e respeite os limites: Campanha pelo Dia Mundial de Conscientização do Autismo
No dia 2 de abril, o mundo celebra o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma data de extrema importância para refletir sobre a inclusão e o respeito às pessoas com TEA.
Este ano, a campanha nacional traz o inspirador tema “Valorize as capacidades e respeite os limites!”, com a hashtag #AutismoValorizeCapacidades, convidando a sociedade a enxergar para além das dificuldades muitas vezes associadas ao autismo.
A campanha deste ano vem como um convite à sociedade para promover um ambiente inclusivo, acessível e acolhedor. A mensagem central é simples, mas poderosa: compreender e respeitar os limites de cada pessoa, reconhecendo seu potencial único.
Ao abordar o autismo sob uma perspectiva mais ampla e positiva, esta campanha busca não apenas aumentar a conscientização, mas também fomentar um verdadeiro senso de respeito e aceitação para com todas as pessoas, independentemente de suas diferenças.
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