Sumário
A cada dia, uma pessoa gera em média um quilo de lixo. Em todo o planeta, são geradas 40 toneladas de resíduos por segundo, mais de 3,5 milhões de toneladas ao longo de 24 horas. Nesse ritmo, por volta do ano 2100 a Terra deve atingir o “Pico do Lixo”, faltando espaço para tantos resíduos.
É o que mostra a jornalista Liliane Ambrósio na mais recente edição do “Universo Pesquisa”, programa da Univale TV, que neste episódio mostra a complexidade da gestão de resíduos e a importância da educação voltada para o meio ambiente. Liliane conversou sobre isso com especialistas da Rede Solidária Natureza Viva, do Mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT) e do curso de Engenharia Civil e Ambiental, que falaram sobre aspectos que envolvem a gestão dos resíduos e os impactos no meio ambiente.
“Não se trata do lixo em si, não é somente aquele saquinho que fica na porta da casa e o caminhão pega e leva embora. Ele não joga fora, ele deixa em um canto. E esse canto uma hora entope e chega ao fim. A gente está em um planeta que é limitado, tanto de espaço quanto de recursos. Então, saber trabalhar a questão de gerenciamento de resíduos é fundamental para a promoção da saúde de forma geral”, pondera o coordenador do curso de Engenharia Civil e Ambiental, professor Hernani Santana.
Em Governador Valadares, de acordo com o coordenador de Fiscalização de Limpeza Urbana da Prefeitura, André Lacerda, a produção de resíduos varia entre 140 e 150 toneladas diárias de lixo, que são enviadas para um aterro sanitário em Santana do Paraíso.
“Em média saem oito caminhões todos os dias. Mais ou menos 140 a 150 toneladas de lixo todo dia. É muito lixo, e a gente está tentando reduzir ao máximo. O contrato [com o aterro] prevê até 240 toneladas por dia, porque tem períodos em que aumenta o volume e o peso dos resíduos. Mas o ideal é que a gente consiga reduzir isso ao máximo. E para isso a gente conta com ajuda da população na separação do lixo seco e do lixo úmido, isso já ajuda muito para a gente reduzir os resíduos que vão para a área de transbordo”, disse Lacerda.
No município existem duas associações de catadores de materiais recicláveis, a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis, Natureza Viva (Ascanavi) e a Associação dos Catadores de Resíduos Sólidos Reciclando Hoje Por Um Futuro Melhor (Ascarf). Porém, de acordo com membros das duas entidades, é pequeno o percentual de lixo reciclado no município: apenas 2%.
“A gente consegue reciclar 2%, o que significa cerca de 120 toneladas por mês. É o que a gente consegue apurar de todo o material que chega aqui. De todo o material que vem, proveniente da coleta seletiva, a gente passa na esteira, faz a separação dele. O rejeito cai no final da esteira, mas a gente consegue aproveitar, com muito rejeito ainda, cerca de 120 toneladas durante um mês”, relata Gessi Lima, associado da Ascanavi.
Na Ascarf, em atividade há menos tempo, a quantidade reciclada de resíduos também não é grande. “Nós começamos a participar da coleta seletiva faz um mês. Com esse período nós conseguimos fazer 17 toneladas de material reciclável. Todo material chega aqui através do caminhão da Prefeitura, aí ele é despejado, os associados se reúnem e fazem uma separação mais ou menos, porque depois passa por outro processo de triagem”, disse Keila Alves, presidente da associação.
Em alguns pontos da cidade, como nos bairros Santos Dumont e Turmalina, a Prefeitura instalou os Ecopontos, onde a população pode contribuir voluntariamente para a reciclagem, descartando resíduos reaproveitáveis como papelão, metais, móveis e eletrodomésticos sem motor, papel, terra, areia, entulho, telhas, concreto, tijolos, cerâmica, azulejo e madeira.
A Univale apoia as associações de catadores e o trabalho de reciclagem no município, por meio do programa de extensão Rede Solidária Natureza Viva, que realiza ações voltadas à educação ambiental, além da implantação da coleta seletiva nos campi da universidade e em escolas públicas.
“O nosso modo de vida se modificou. Nossos hábitos em relação à produção e consumo também se modificam. Além desses hábitos urbanoides, a gente tem todo o avanço tecnológico e desenvolvimento do capitalismo, que nos fazem consumir cada vez mais. E, ao consumir cada vez mais, a gente gera cada vez mais resíduo. Os 3R são reduzir, reutilizar e reciclar. É importante que esses Rs sejam praticados nessa ordem. Primeiro a gente reduz o consumo, depois a gente reutiliza aquilo que a gente consumiu depois da redução, e por fim a gente recicla”, avalia o coordenador do programa, professor Thiago Martins Santos.
Professor do mestrado da Univale, Bruno Capilé é biólogo e historiador ambiental. Para ele, o lixo precisa ser pensado de maneira integrada, como um resíduo nos ecossistemas, que gera impacto social e ambiental, afetando todos os seres vivos.
“Existe um mito de achar que uma coisa ser biodegradável, por si só, é algo bom. Depende de como aquilo está sendo degradado, quais as substâncias que estão gerando após aquilo. Ainda estamos começando a entender o que acontece com o plástico quando é degradado, que tipo de substâncias vai virar, que tipo de respostas ecossistêmicas vão ter com os seres vivos. Que tipo de mundo nós queremos ter no futuro? Um mundo em que eu possa ter uma coleção de diferentes tipos de câncer, com água contaminada, com os ares contaminados por microplástico, ou um ambiente mais saudável em que eu possa ter a tranquilidade de que o meu papel e o trabalho da sociedade como um todo estão fazendo o bem comum a médio e longo prazo? A ideia de um futuro já começou”, considerou o professor.
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