Sumário
A obesidade infantil é considerada uma das principais doenças nas crianças pelo mundo. O excesso de peso pode provocar o surgimento de várias doenças, como diabetes, problemas cardíacos, e até a má formação do esqueleto.
No Brasil, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição reconhece a obesidade como um problema de saúde pública, e o relatório público do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) em 2022 apontou que mais de 340 mil crianças de 5 a 10 anos de idade que são acompanhadas pelo SUS têm o diagnóstico de obesidade. Em 2021, a Atenção Primária de Saúde diagnosticou obesidade em 356 mil crianças dessa mesma idade.
Mas, quais são os riscos desse diagnóstico? Que problemas a obesidade infantil pode trazer para a criança e para seu desenvolvimento até a vida adulta? Tatiana Pascoal, nutricionista e professora do curso de Nutrição da UNIVALE, responde:
“Uma criança obesa já é uma criança inflamada, porque a gordura faz com que a pessoa tenha essa inflamação. E essa criança pode vir a desenvolver uma doença crônica já desde o início, e pode vir a ser um adulto com doenças crônicas. Como o desenvolvimento do diabetes futuramente, a hipertensão arterial, doenças da glândula tireóide, como o hipo e o hipertireoidismo. Além disso, essa criança fica mais letárgica, porque o peso dá um desânimo, um cansaço, reduz a imunidade, ela fica sendo uma criança cada vez mais doente. Essas são as principais preocupações com uma criança obesa”, ressalta.
Ainda de acordo com o relatório do Sisvan, atualmente a região Sudeste é a segunda do país com mais crianças obesas entre os 5 e os 10 anos de idade, com 10,41% do número total. Em Minas Gerais, o número de crianças com sobrepeso cresceu assustadoramente nos últimos anos: de 14 mil, em 2008, para quase 70 mil em 2022.
De acordo com a Fiocruz, além da inclinação genética, distúrbios psicológicos e sedentarismo, um dos fatores que levam à obesidade na infância e na adolescência são os hábitos alimentares errados. Tatiana explica que esse é um problema que começa a se desenvolver já desde os primeiros alimentos que são oferecidos ao bebê.
“A fase mais preocupante é quando a criança inicia a introdução alimentar, a partir dos seis meses de idade. Ela começa a descobrir os alimentos, e nós temos que fazer nossa parte. Quais são os alimentos que nós vamos oferecer à criança? Como nós vamos adaptar o paladar dela? Porque, se você começa a adaptar o paladar da criança com seis meses de idade cheio de açúcar, gordura e sal, ela vai se desenvolver querendo cada vez mais açúcar, gordura e sal”, explica a nutricionista.
Outro ponto de atenção é o consumo de alimentos industrializados, que muitas vezes escondem substâncias prejudiciais à saúde. “Hoje temos visto as crianças consumindo muitos alimentos industrializados, pela praticidade. Os pais muitas vezes trabalham fora, e buscam o que é mais prático, e muitas vezes o que é mais prático é industrializado, rico em sódio, rico em gorduras, corantes, conservantes, com grandes quantidades de açúcares. O consumo excessivo desses alimentos leva sim a um aumento dos índices de obesidade”, ressalta.
Além do tipo de alimento oferecido, Tatiana também fala sobre a importância de se atentar à quantidade consumida, já que muitas vezes os adultos querem que a criança coma além da quantidade que é necessária para ela. “É preciso confiar na criança, não precisa ficar mandando ela comer grandes quantidades, mas sim deixar que ela coma uma quantidade com a qual fica satisfeita, para não desenvolver a compulsão alimentar. Porque se ela desenvolve isso desde a infância, ela pode sim ser um adulto com compulsão”.
Mas, como a obesidade infantil pode ser combatida? Frente a índices tão assustadores, a professora Tatiana ressalta que as medidas de combate são mais simples do que parece, basta seguir as recomendações que já existem.
“A Organização Mundial da Saúde preconiza não dar açúcar para criança até os dois anos de idade. Sucos também, de 6 meses a um ano de idade a OMS pede fortemente que se evite sucos. E muitas vezes a gente vê os pais dando sucos cheios de açúcar, sucos de caixinha, industrializados”, explica.
Para uma infância e uma vida mais saudável, ela ressalta: “A primeira coisa é evitar os industrializados e preferir sempre os alimentos naturais. Fazer com que a criança consiga comer o alimento e sentir o sabor, trabalhar o paladar. E não, por exemplo, ao dar um suco que é azedo, pra ele não ficar azedo eu vou colocar açúcar, então a criança vai sentir o gosto do açúcar e não do alimento. É como diz aquela frase: descasque mais, e desembale menos”.
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