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Painel do 1º Simpósio da Mulher, com nove pessoas sentadas em cadeiras, no palco do auditório da Univale. Ao centro está a atriz e empresária Luiza Brunet

Simpósio da Mulher discute ampliação da representatividade feminina e combate à violência doméstica

03 abril, 2024

A UNIVALE sediou na terça-feira (2) o 1º Simpósio da Mulher e Para a Mulher do Século XXI, evento que reuniu palestrantes nacionalmente conhecidas – como a empresária Luiza Heleno Trajano e a atriz e ativista Luiza Brunet – para discutir pautas ligadas à igualdade de gênero, como o combate à violência doméstica e a ampliação da representatividade feminina em cargos de liderança nos meios político, judiciário e empresarial. Com participação de prefeitas e vereadoras de municípios da região, além de gestoras e outras autoridades, o Simpósio promoveu a conexão de mulheres empreendedoras nas mais diversas áreas.

O Simpósio da Mulher foi idealizado pela Associação dos Municípios da Microrregião do Leste de Minas (Assoleste), organizado em conjunto com o Sebrae e a cooperativa Sicoob Crediriodoce, e com apoio e patrocínio de diversas parceiras, incluindo a UNIVALE. “Temos um público muito eclético, com mulheres da política, incluindo prefeitas, mulheres da vereança e secretárias municipais. E temos várias mulheres que são lideranças, em cargos de chefia. Essa junção de mulheres tão empoderadas já faz toda a diferença”, comentou a secretária-executiva da Assoleste, Elidamárcia Lana da Silva.

Público presente na plateia do auditório da Univale durante o 1º Seminário da Mulher
O 1º Simpósio da Mulher reuniu prefeitas, vereadoras e diversas mulheres que ocupam funções de liderança no poder público e na iniciativa privada

A reitora da UNIVALE, professora Lissandra Lopes Coelho Rocha, destacou que toda a equipe gestora da universidade é composta por mulheres. A instituição também possui mulheres coordenando cursos e em funções de liderança em departamentos e setores técnico-administrativos. “Aqui a gente sempre valoriza o posicionamento feminino. A mulher tem um papel importante na UNIVALE, e discutir esse assunto é fundamental. Porque a mulher ainda precisa se impor nesse cenário e conquistar o respeito, e essas discussões nos ajudam nessa realidade. A gente sabe o quanto uma gestão de mulheres faz a diferença, a gente sabe o quanto podemos transformar as vidas das pessoas”, enfatizou a reitora, na abertura do 1º Simpósio da Mulher.

Painéis e debates no 1º Simpósio da Mulher

Os painéis e debates do período da manhã contaram com a participação de Luiza Heleno Trajano, empresária que é presidente do grupo Magazine Luiza, e que também lidera o grupo Mulheres do Brasil, associação que defende a ampliação da presença de mulheres em cargos e funções de liderança, no poder público e na iniciativa privada. Uma das pautas do grupo é chamada de “Pula para 50”, em defesa de que 50% dos mandatos eletivos em cargos políticos sejam ocupados por mulheres.

Palco do auditório da Univale com três mulheres sentadas em um painel do 1º Simpósio da Mulher. Ao centro, falando ao microfone, está a empresária Luiza Heleno Trajano
Luiza Trajano (ao centro) defendeu no Simpósio da Mulher que o índice de eleição de mulheres para mandatos eletivos suba dos atuais 16% e chegue a 50%

“Eu digo para meus colegas homens que a gente ainda tem uma luta muito grande. Melhoramos muito, mudamos de ciclo, e minha luta agora não é mais para valorizar a mulher, porque a empresa que não fizer isso vai ficar para trás. Minha luta é para ter mais mulheres em altos cargos. Temos 16% de mulheres na política, e somos 52% da população. Nossa participação tem que pular para 50%. E não é favor nenhum colocar a mulher em cargos altos, é necessidade para a empresa”, afirmou Luiza Trajano.

Parte desses 16% de mulheres eleitas, a prefeita de Sardoá, Ivania Maria, foi uma das participantes das conversas no 1º Simpósio da Mulher.

“É muito importante participar de um evento como esse. A mulher tem ganhado seu espaço, mas a passos lentos. Mas, como ouvimos aqui hoje, a mulher empoderada está buscando esse espaço. A gente não quer ser igual, melhor, nem pior que os homens. A gente quer o espaço feminino. Essas mulheres que estão aqui conosco, como a Luiza Trajano e a Luiza Brunet, são mulheres empoderadas, sim. Mas aquela mulher que ajuda a família, cuida dos filhos, sai cedo, se arruma e vai para a faculdade, essa também é uma mulher empoderada, e esse também é nosso espaço”, considerou Ivania.

Dados de violência contra mulheres em Minas Gerais

O período da tarde foi focado em discussões de prevenção e combate à violência de gênero. Os primeiros painéis desse momento foram coordenados pela coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Combate à Violência Doméstica, a promotora Patrícia Habkouk, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

Promotora de Justiça, Patrícia Habkoub, falando ao microfone, durante o 1º Simpósio da Mulher
A promotora Patrícia Habkouk defende que políticas públicas sejam focadas na prevenção, para que a violência não ocorra, e na garantia de acolhimento às vítimas

Ao comentar dados sobre violência contra a mulher levantados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Patrícia disse que o número de casos de feminicídio triplicou desde 2015. Em Minas Gerais, do ano de 2022 para o ano de 2023, houve um aumento de 7% no número de casos. A promotora ressaltou ainda que em 2023 foram quase 155 mil ocorrências de violência doméstica registradas em Minas Gerais – neste ano, até o mês de fevereiro, já haviam sido mais de 24 mil.

“Uma parcela considerável de mulheres não faz o registro do Boletim de Ocorrências. Então, se os números são desafiadores, a realidade é ainda mais desafiadora. Compreender essa realidade vai nos auxiliar na construção de estratégias para parar esse fenômeno. Refletir sobre o direito a uma vida livre de violência faz com que a gente olhe para nossa realidade, para construir respostas para isso. É muito bom termos aqui prefeitas e vereadoras, para aproveitar o momento e avançar nesta pauta tão importante”, avaliou Patrícia, defendendo que as políticas públicas sejam focadas na prevenção, para que a violência não ocorra, e na garantia de acolhimento às vítimas.

Os últimos painéis do Simpósio foram liderados por uma mulher que já viveu situações de violência doméstica: a atriz, modelo, empresária e ativista Luiza Brunet relatou experiências desde a infância, quando a mãe era a vítima, até o momento em que, já casada, sofreu com agressões físicas e sequelas emocionais.

Foto da atriz, ativista e empresária Luiza Brunet, durante o 1º Seminário da Mulher
Luiza Brunet falou no 1º Simpósio da Mulher das experiências de violência doméstica sofridas por ela e pela mãe

“A vítima de violência tem que ser olhada com muito amor e carinho, porque isso causa danos quase irreversíveis ao longo da vida. Talvez por essa razão também, nós, mulheres que sofremos violência, às vezes toleramos mais a violência dentro de casa, porque a gente naturaliza esse tipo de comportamento e não tem coragem de se expor. A gente precisa se libertar, através de histórias que a gente pode contar, e tenho certeza que cada uma aqui tem história para contar”, declarou Brunet.

Em sua fala no Simpósio da Mulher, a atriz relatou que fatores como vergonha e morosidade da Justiça fazem com que algumas mulheres desistam de denunciar agressões, mas ela enfatizou a importância de não se calar diante da violência.

“Quando eu perguntei quantas mulheres sofreram violência, poucas se manifestaram. Porque existe ainda a vergonha de se expor. Mas quando você começa a contar fatos, elas se reconhecem, e isso é muito importante. Compartilhar minha história impacta as meninas, elas se sentem confortáveis, protegidas e abraçadas. E elas podem de fato começar a tomar uma atitude diferente em relação à violência que elas estão sofrendo”, afirmou Luiza Brunet.

O 1º Simpósio da Mulher e Para a Mulher do Século XXI foi encerrado com festa, comandada pelos shows das cantoras Érica Timóteo e Tati Meira.

Cantoras Érica Timóteo e Tati Meira se apresentando no palco, ao final do 1º Simpósio da Mulher, realizado na Univale
Cantoras Érica Timóteo e Tati Meira se apresentando no palco, ao final do 1º Simpósio da Mulher, realizado na UNIVALE

A UNIVALE TV também registrou o 1º Simpósio da Mulher, veja o vídeo:

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