Sumário
No dia 21 de março, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial, a UNIVALE recebe um evento que surge como uma iniciativa necessária no cenário de lutas contra o racismo: o 1º Seminário do Coletivo Abayomi: Ubuntu – Construindo Redes de Enfrentamento ao Racismo.
O evento é gratuito e aberto à comunidade, e as inscrições podem ser realizadas até o dia 15 de março. A programação inclui debates e oficinas, que acontecerão durante todo o dia no campus II da universidade. Para mais informações e inscrições, acesse o site de eventos da UNIVALE.
Idealização do seminário
Em 2023, o grupo Abayomi apresentou um projeto ao Ministério Público (MP) sobre o racismo nas escolas. Desde então, foram desenvolvidas ações para enfrentar o problema, reconhecendo-o como uma força que está presente não apenas nas escolas, mas em todas as instituições de nossa sociedade. A partir daí, surgiu a necessidade de um seminário para colocar essas questões em debate.
A filosofia africana Ubuntu, que prega a "humanidade para com os outros" ou "eu sou, porque somos", orienta todo o encontro e as discussões propostas. Com o apoio da UNIVALE e de pesquisadores do Núcleo Interdisciplinar de Educação, Saúde e Direitos (NIESD), do Ministério Público, da Superintendência Regional de Ensino de Governador Valadares (SRE), e da Secretaria Municipal de Educação (SMED), o seminário se apresenta como um marco na formação de uma rede de enfrentamento ao racismo.
“O propósito é alinhar o seminário aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), contribuindo para uma educação de qualidade, inclusiva e justa. Trabalhando com a redução das desigualdades, promovendo a inclusão social do povo negro, conscientizando todos os setores da nossa sociedade”, afirmou a mestra em Gestão Integrada do Território (GIT) pela UNIVALE e membra do Coletivo Abayomi, Erika Benigna.
Erika, que também é professora da educação básica, ainda complementa que “é imprescindível falar sobre o tema com as pessoas, instituições das mais diversas áreas e a partir daí pensarmos em ações efetivas antirracistas para conseguirmos combater de fato, na prática”.
Docente do Mestrado em Gestão Integrada do Território da UNIVALE e pesquisadora do NIESD, a professora Maria Celeste Reis Fernandes de Souza ressalta a importância deste momento para as instituições envolvidas. "Esse seminário representa a reunião de forças em defesa do direito, da dignidade e combate a todas as formas de discriminação que provocam desigualdades e violências, para aquelas pessoas para as quais ‘a cor da pele chega primeiro’, afirmou Celeste, citando a frase usada por sua colega Erika Benigna.
O 1º Seminário do Coletivo Abayomi é, portanto, um espaço de diálogo, aprendizado e construção de estratégias concretas para a luta contra o racismo. Com uma ampla participação de profissionais da educação, representantes do Ministério Público, conselheiros tutelares e diversos atores da sociedade civil, o evento promete ser um marco na conscientização e na formação de redes sólidas de enfrentamento a essa desafiadora realidade. “É necessário discutir a questão étnico-racial, especialmente em Governador Valadares, pois a negação do direito à educação, à saúde, ao ambiente, aos territórios; comportam vulnerabilidade e violências e que carregam as marcas da raça/cor”, concluiu a professora.
O Coletivo Abayomi, nascido da urgência em concretizar as lutas pelos direitos de igualdade da população negra, se estabeleceu como um marco de empoderamento e educação para adultos e crianças, predominantemente mulheres.
Com uma gama de atividades, incluindo oficinas, rodas de conversa, palestras e cinedebates, o Coletivo tem como objetivo central a valorização da cultura afro-brasileira e o fortalecimento do povo negro, em um compromisso firme com a igualdade racial e de gênero. A redução das desigualdades sociais e a promoção da paz e justiça são pilares fundamentais de suas ações, levando a discussão sobre leis e políticas não discriminatórias para os espaços educacionais.
“Nós temos diversos marcos legais, como a Lei 10.639, que fala sobre a obrigatoriedade de se trabalhar a história da África, a cultura afro-brasileira nas escolas. A gente tem uma lei mais recente, que incorpora como injúria racial o racismo recreativo. E a gente percebe que essas leis, esses marcos legais acabam não atuando efetivamente na nossa sociedade, que tem o racismo estruturado nela, está na prática cotidiana. Daí a urgência de trabalharmos esse processo de desnaturalização das nossas práticas racistas”, afirmou Erika.
As atividades do Coletivo são realizadas principalmente em ambientes educacionais, tanto públicos quanto privados. O grupo presta um serviço relevante na luta contra o racismo, buscando consolidar valores democráticos e de inclusão.
Todas as integrantes do Coletivo Abayomi têm experiências pessoais de violência física ou simbólica devido ao racismo em suas trajetórias escolares. O grupo não apenas combate ativamente o racismo nas escolas, mas também busca transformar a educação em um espaço de resistência e empoderamento para a comunidade negra.
“Muitas pessoas do grupo foram acolhidas ainda bebês, porque a maioria das mulheres é mãe solo, e não tem com quem deixar para frequentar as reuniões. Isso foi acontecendo de forma orgânica, um processo de formação e de letramento racial dos nossos filhos”, conta Erika.
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