“É isso que a gente quer. Que a nossa riqueza seja vista e mostrada e que a gente seja convidado pra falar” — essa foi a reação do vice-cacique Clemes, da aldeia Pataxó Geru Tucunã, durante a exibição do vídeo produzido por alunos dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Univale, na noite do dia 2 de dezembro. O vídeo foi criado dentro da disciplina de Produção Científica e Práticas de Extensão, com o material gravado em uma visita que os alunos fizeram à aldeia na celebração da Festa das Águas, no dia 5 de outubro.
Além de imagens dos rituais tradicionais que acontecem durante a festa, o documentário traz curiosidades sobre a língua patxohã, que é falada pelo povo Pataxó, e sobre outros aspectos da cultura dos indígenas da Geru Tucunã. O nome da aldeia, por exemplo, significa “papagaio na folha de coqueiro”.
Na primeira exibição pública do vídeo produzido pelos alunos, estiveram presentes a professora Kíssila Andrade, pró-reitora de pós-graduação, pesquisa e extensão da Univale, o vice-cacique Clemes, da aldeia Pataxó Geru Tucunã, e dois representantes da Funai, Larissa Moura e Pablo Camargo, além dos alunos e do professor da disciplina, Franco Dani Araújo.
A aldeia Geru Tucunã fica dentro do Parque Estadual Rio Corrente, no município de Açucena, a cerca de 70 km de Governador Valadares. Desde 2017, a comunidade decidiu abrir a Festa das Águas para visitação pública e passou a receber centenas de pessoas interessadas em conhecer um pouco mais sobre os costumes do povo Pataxó.
O povo Pataxó tem origem no Sul da Bahia, uma região de Mata Atlântica que foi muito explorada durante o processo de colonização. Foi mais ou menos na década de 50 que os pataxós começaram a ser expulsos da Bahia pelos fazendeiros do cacau. Com as terras devastadas, eles foram obrigados a se mudar, e foi aí que chegaram em Minas Gerais.
“A minha tribo veio pra cá buscando uma vida melhor, com mais dignidade”, destacou o vice-cacique Clemes. No entanto, as coisas por aqui também não foram fáceis. A tribo Geru Tucunã ainda não conseguiu um território demarcado, e a energia elétrica só chegou lá há menos de três meses.
O representante da Funai, Pablo Camargo, e o vice-cacique Clemes fizeram um apelo aos futuros comunicadores que realizaram o trabalho: “que vocês tenham sensibilidade ao olhar para a cultura desse povo. Que possam ajudar de verdade a divulgar essa luta histórica”.
O professor Franco Dani aproveitou a ocasião para ressaltar a importância de projetos como esse na formação dos futuros jornalistas e publicitários. “Esse trabalho belíssimo traz uma visão de fora dos muros da universidade. É uma experiência muito rica e um compartilhamento cultural intenso”.
Além do vídeo, a visita dos alunos à aldeia Geru Tucunã rendeu vários outros trabalhos. “A disciplina funciona em dois momentos. Primeiro, eles fazem a parte de pesquisa científica, que foi transformada em artigos. Depois vem a parte prática, que rendeu, além do vídeo, releases que geraram mídia espontânea em vários veículos, fotos, material para o site e para redes sociais”, explicou o professor.
O vídeo produzido pelos alunos ainda vai passar pelos ajustes finais. Depois, deve ser divulgado para a imprensa, submetido a concursos e congressos acadêmicos.
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