Professoras do curso de Psicologia da UNIVALE e alunos do 3º e do 8º períodos se reuniram para debater sobre a importância da ciência e da psicanálise como formas de conhecimento. O diálogo foi motivado pela polêmica levantada no livro “Que bobagem! Pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério”, da bióloga Natalia Pasternak e do jornalista Carlos Orsi. Ao criticar a psicanálise, os autores defendem que somente práticas baseadas em evidências sejam estudadas em universidades e adotadas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Afinal de contas, a diversidade no campo do saber jamais será bobagem”, resume a professora Líbia Monteiro Martins. A docente admite que nem mesmo entre psicanalistas há consenso sobre se a prática é ou não uma ciência.
Líbia frisa que atualmente se estuda essa abordagem nos cursos de graduação em Psicologia (a qual se propõe como ciência), porque é a ‘mãe’ das psicoterapias, que são formas de tratar o sofrimento pela fala e relação. “A relação entre ciência e psicanálise sempre foi muito tensa, mas isso não quer dizer que seja inexistente. Metanálises fornecem evidências empíricas de validade da psicanálise, embora se reconheçam as limitações metodológicas dos estudos analisados, o que enseja novas investigações. Assim, é possível concluir que o diálogo entre ciência e psicanálise não só é possível, como carece de ser fortalecido”, ponderou a professora.
Para a aluna Larissa Soares, que além de estar no 3º período de Psicologia também é enfermeira, é importante analisar o assunto sob todas as perspectivas. “As informações debatidas acerca deste tema me deixaram atenta e me fizeram ainda mais entender que é preciso muito estudo para explanar sobre o assunto. Foram incríveis os estudos mostrados pelas professoras em relação à psicanálise aplicada à ciência. Entendi que a psicanálise de fato não é ciência, mas se apropria dela para resultados significativos”, avaliou Larissa.
Fernando Almeida é professor de idiomas, linguista e estudante do 8º período, e acredita que a psicanálise preenche os critérios atuais de pseudociência. “Psicologia não é um campo unificado, como diversas outras áreas do conhecimento. São diversas teorias distintas, chamadas de abordagens. Uma dessas vertentes teóricas, e muito popular no Brasil, é a psicanálise. A psicanálise foi criada por Sigmund Freud por volta de 1899, numa época onde nem sequer se sabia que existiam neurônios, e todo o conhecimento científico naquele século ainda era muito embrionário”, disse Fernando.
Já a professora Michele de Brito, que é psicanalista, considera que o livro de Natalia Pasternak e Carlos Orsi já inicia “com falhas primárias em relação a honestidade intelectual e erro categorial”, e que os autores ignoram os inúmeros estudos que demonstram a eficácia científica da psicanálise.
“Precisamos entender que existem outros métodos de se fazer ciências, para além do método positivista e naturalista. E, mesmo nesse formato, a psicanálise tem artigos bem embasados e submetidos em revistas com alto fator de impacto. Os autores negligenciam em oportunizar qualquer debate mais profundo sobre o tema, falham com o próprio método científico que pretendem promover. Utilizar o lugar de fala da ciência para movimentar um embate unilateral e raso contra saberes importantes é um desserviço à comunidade”, argumentou Michele.
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