Sumário
Por: Natalia Lima Amaral
Criado em 1967 pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Dia da Alfabetização é celebrado em 8 de setembro. A data tem o objetivo de ressaltar a importância do tema e discutir questões ligadas à alfabetização de crianças, jovens e adultos, principalmente em países onde o índice de analfabetismo está alto. De acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2019, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade era de 6,6% (cerca de 11 milhões de analfabetos).
Maria Celeste Reis Fernandes de Souza, pedagoga e professora no mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT) da UNIVALE, explica que vivemos em uma sociedade grafocêntrica, ou seja, centrada em imagens gráficas e na escrita. Portanto, para as crianças, o processo de alfabetização possibilita que elas possuam uma maior compreensão do que as rodeiam. Isso fortalece o seu protagonismo e o seu desenvolvimento como sujeito social e singular.
A professora também chama a atenção para o fato de que a escolarização, como um direito de crianças, adolescentes e jovens, está sendo negada com o passar dos anos. Um reflexo dessa problemática, apontado por Celeste, é a juvenilização da EJA, ou seja, o ingresso de pessoas cada vez mais jovens (entre 15 e 17 anos) na educação de adultos. E, além disso, um levantamento do IBGE aponta que quanto mais velho o grupo populacional, maior a proporção de analfabetos, demonstrando que o país está longe de resolver a questão do analfabetismo.
“É preciso rompermos com a visão de que a pessoa não alfabetizada é menos capaz e competente para resolver suas demandas, visto que essa perspectiva inferioriza as pessoas e faz com que as olhemos pelo olhar da falta. Estudos no campo do letramento nos alertam sobre esse modo de compreender as pessoas não alfabetizadas. E Paulo Freire que se dedicou incansavelmente à alfabetização afirmava: a leitura do mundo precede a leitura da palavra. A importância desse sujeito ter acesso a alfabetização é a garantia do direito e a ampliação das suas possibilidades de leitura de mundo, pelo domínio da leitura e da escrita”, explica a pesquisadora.
Maria Celeste também acredita que para que a alfabetização seja acessível a todos é necessário que o direito à educação passe por melhorias no que diz respeito ao seu acesso, além de maiores investimentos nas escolas e na carreira docente na educação básica. “O Estado, por sua vez, precisa cumprir o que já está posto constitucionalmente e pela legislação brasileira, do ponto de vista dos investimentos em educação”, ressalta.
Receba notícias sobre: vestibular, editais, oportunidades de bolsa, programas de extensão, eventos, e outras novidades da instituição.
"*" indica campos obrigatórios