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Aclamação de Dom Pedro I, Imperador do Brasil, obra de Jean-Baptiste Debret, usada para retratar o Dia do Fico

“Dia do Fico” foi ‘ponta do iceberg’ no processo de independência, afirma historiador

09 janeiro, 2024

Você conhece a história do “Dia do Fico”? Coordenador do Mestrado da UNIVALE explica como essa data, em 9 de janeiro de 1822, culminou na Independência do Brasil, oito meses depois

“Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto! Digam ao povo que fico”. Essas palavras entraram para a história do Brasil em 9 de janeiro de 1822, o “Dia do Fico”, quando o então príncipe regente Dom Pedro de Alcântara, da Casa Bragança, anunciou que permaneceria em território brasileiro, contrariando a vontade da corte portuguesa. O historiador e coordenador do mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT) da UNIVALE, professor Haruf Salmen Espindola, avalia que esse momento foi crucial para o processo que, oito meses depois, terminaria com a declaração de Independência do Brasil, em 7 de setembro do mesmo ano.

Haruf Salmen Espindola
Professor Haruf

“Todas datas históricas, como essa data do Dia do Fico, são pontas de iceberg, que escondem por baixo uma quantidade de fatos e contextos que devem ser considerados”, afirmou o professor. À época, o Brasil já não era mais uma colônia: o território fazia parte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, e o comércio com a Inglaterra ajudou a desenvolver a economia local.

Em Lisboa, a pressão era para que Pedro, herdeiro do trono, retornasse a Portugal, onde havia quem defendesse inclusive que o Reino do Brasil fosse rebaixado novamente ao status colonial. “A posição que prevalecia dentro das cortes era muito conservadora, muito focada nos interesses diretos de Portugal, e havia pressão para que o príncipe, herdeiro do trono e regente do Brasil, retornasse para Portugal. Ele [Pedro] acaba tomando a decisão de que não vai retornar e não vai acatar ordens. A consequência da permanência dele [após o Dia do Fico] é que aumentam as tensões entre o Reino do Brasil e o Reino de Portugal”, lembra Haruf.

O coordenador do mestrado da UNIVALE classifica Dom Pedro como um líder de enorme capacidade estratégica, política e militar. Após o Dia do Fico e no processo que levou à Independência, Haruf atribui ao príncipe herdeiro (e posteriormente Imperador do Brasil independente) o papel centralizador que impediu a fragmentação do território brasileiro em diversos países, a exemplo do que ocorreu com as colônias da Espanha no continente.

Ilustração de Dom Pedro
Dom Pedro foi príncipe-regente e imperador do Brasil

“Dom Pedro acaba declarando a independência, a separação. Vai haver resistência em várias províncias, mas ele faz várias alianças, inclusive com a Inglaterra, que era a nação hegemônica, e vai organizar forças para debelar resistências internas, assegurando a unidade e a manutenção da integridade do Reino do Brasil, evitando que ocorresse o que ocorreu na América Espanhola, que acabou se dividindo em vários países. Isso poderia ter ocorrido aqui também. Ao invés do Brasil ser como é hoje, poderiam ser vários países. Mas, graças a Dom Pedro, foi assegurada essa unidade em torno do poder centralizado que ele exercia no Rio de Janeiro, mantendo todas as províncias vinculadas a esse poder central. Isso foi fundamental, e o Dia do Fico marca essa opção de Dom Pedro por permanecer no Brasil”, explicou o historiador.

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