Trabalho da egressa, Mariana Xavier, analisa cobertura jornalística da Ditadura Militar e contribui para a preservação da história do povo Krenak
Egressa do curso de Jornalismo da UNIVALE, Mariana Xavier, conquistou reconhecimento nacional ao apresentar seu artigo científico no XV Encontro Nacional de História da Mídia, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (Alcar) realizado entre os dias 27 e 29 de agosto na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), em Mariana (MG). Sob o tema “Revisões críticas da história: comunicação, território e decolonialidade”, o congresso reuniu pesquisadores de todo o Brasil para debater a relação entre mídia, memória e sociedade.

O trabalho de Mariana, intitulado “Desordem e Regresso: a mídia na formação da memória sobre o campo de concentração Krenak na Ditadura Militar”, faz parte da sua monografia de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentada em dezembro de 2024. Motivada por uma reportagem sobre o campo de concentração indígena em Resplendor (MG) durante a Ditadura Militar, ela decidiu investigar por que episódios tão graves da história regional permaneciam invisíveis na mídia local e no currículo escolar.
“Quando li a reportagem, fiquei chocada. Perguntei a mim mesma: como é possível que eu, que cresci a menos de 100 quilômetros do local, nunca tivesse ouvido falar disso?”, relembra Mariana. “Isso me fez querer compreender o papel do jornalismo na construção da memória coletiva e trazer à luz uma história que foi silenciada por tanto tempo”, acrescentou.
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Com orientação dos professores André Manteufel Ferreira e Deborah Luisa Vieira dos Santos, Mariana concentrou sua pesquisa na análise de jornais impressos da época, especialmente o Jornal do Brasil, entre 1969 e 1972, período de funcionamento do Reformatório Krenak. Por meio da Análise de Conteúdo, identificou padrões de estereotipação e conivência da imprensa com a narrativa oficial dos órgãos de segurança, revelando como a mídia contribuiu para a formação de uma memória coletiva distorcida sobre a política coercitiva aplicada aos povos indígenas.
Reconhecimento e trajetória acadêmica
A apresentação no Alcar 2025 rendeu o 2º lugar no Prêmio José Marques de Melo de Estímulo à Memória da Mídia, destinado a trabalhos de graduandos e recém-graduados.
“Receber esse prêmio foi muito emocionante. Para mim, não é apenas uma conquista pessoal, mas um reconhecimento da importância de dar voz às memórias do povo Krenak e de todas as vítimas da repressão durante a Ditadura Militar”, afirma Mariana. “Espero que meu trabalho incentive outros jornalistas e pesquisadores a revisitar histórias que foram esquecidas ou distorcidas,” completou a jornalista.

Desde o início da graduação, em 2021, Mariana demonstrou interesse por pesquisa acadêmica e produção científica. Participou do Grupo de Pesquisa Cultura Pop, Território e Processos Sociais, publicou artigos e resumos científicos, integrou projetos de iniciação científica sobre história ambiental e realizou reportagens de divulgação científica para a Revista Vale da Ciência. A influência de familiares também reforçou seu compromisso com a pesquisa como ferramenta de transformação social e preservação da memória histórica.
O Prêmio José Marques de Melo, bianual e vinculado à programação do Alcar, reconhece trabalhos que contribuem para os estudos da História da Mídia, avaliando conteúdo, pertinência e fundamentação científica.
“Minha pesquisa é, acima de tudo, um ato de justiça e reparação histórica. Quero que as histórias das pessoas que sofreram durante a Ditadura não sejam esquecidas e que o jornalismo cumpra seu papel de dar visibilidade às vozes que foram silenciadas”, conclui Mariana.