A inclusão de municípios do Vale do Rio Doce na área da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), há cerca de um ano, permite que empresários da região tenham acesso a recursos e políticas públicas. Somente em 2022, por exemplo, o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) prevê um total de R$ 26,6 bilhões em investimentos nos mais de 2 mil municípios da Sudene. As formas como o setor produtivo local pode se beneficiar desses recursos foi o tema do encontro “Valadares e região na Sudene: o que as empresas ganham com isso?”, realizado nessa quarta-feira (24), no auditório da Univale.
Presente no evento, a reitora da Univale, professora Lissandra Lopes Coelho Rocha, destacou o caráter comunitário da instituição e o compromisso pelo desenvolvimento socioeconômico e pelo futuro nos municípios do Vale do Rio Doce. “Enquanto instituição comunitária, nosso compromisso é com o desenvolvimento da região. Nós temos total interesse em fomentar o desenvolvimento e levar as informações discutidas aqui hoje ao maior número de pessoas, com esse compromisso de desenvolver Governador Valadares e região”, afirmou a reitora.
O presidente da Fundação Percival Farquhar (FPF), Rômulo César Coelho Leite, ponderou que os municípios da região precisam criar bons ambientes de negócio, com garantia de infraestrutura e bons serviços em áreas como saúde e educação. “Ter nosso município na região da Sudene é fundamental para nosso desenvolvimento. É preciso que aproveitemos o fato de estar na Sudene, com planejamento para saber onde nós vamos chegar e como nós vamos chegar. É muito importante ter um ambiente propício para negócios, para atrair empresas e fomentar as que já estão aqui”, comentou o presidente da mantenedora da Univale.
O prefeito de Governador Valadares, André Merlo, observa que muitos empresários e produtores rurais do município já estão acessando linhas de crédito voltadas à área da Sudene. Mas André ressalta que as informações ainda precisam ser difundidas, para que mais representantes do setor produtivo usufruam dos benefícios. “A gente tem falado sempre que só incluir na Sudene não basta. Não é automático que o desenvolvimento chegue, a gente precisa de todo o ambiente empresarial preparado. Este encontro é totalmente técnico, para todos que se interessam pelo assunto aprendam mais ainda, inclusive sobre benefícios fiscais em relação à União e ao Estado”, disse o prefeito.
O encontro teve cerca de 300 inscritos de toda a região, que vieram à Univale para explicações técnicas oferecidas por representantes da Sudene, dos governos municipal e estadual, e de órgãos como o Banco do Nordeste e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), entre outros. Um dos painéis, com o tema “Apoio do governo para o desenvolvimento dos negócios”, teve a participação da professora da Univale e secretária municipal de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Beatriz Pereira de Almeida.
“O município precisa difundir essas informações para os empresários compreenderem que o benefício não é só para o grande e para quem vem de fora, é também para o pequeno e para quem já está na cidade e quer expandir. A gente precisa estar próximo do empresário e não ter medo dessa interlocução com o setor privado. E estar próximo de maneira republicana e profissional, mostrando os trâmites da Prefeitura, desvendando e facilitando a burocracia, infraestrutura e potencial para prospecção de negócios”, declarou Beatriz.
Os demais painéis foram sobre “Benefícios fiscais da área de atuação da Sudene” e “Como acessar os recursos e as linhas especiais de crédito da Sudene e do Banco do Nordeste”. De acordo com o gerente-geral do Banco do Nordeste em Teófilo Otoni, Marco Antônio Araújo, nos 2.074 municípios onde está presente, a instituição tem uma participação de mercado de 73,6% em operações de crédito de longo prazo, 64,6% em financiamento de longo prazo industrial e comercial, e 52,5% no financiamento de longo prazo rural e agroindustrial.
“Esses números só são possíveis porque existem portas abertas para construção de parcerias”, disse o gerente, ao defender que o Banco realize trabalho com apoio de prefeituras, entidades e associações ligadas a empresariado, produtores rurais e sindicatos de trabalhadores.
Após o evento na Univale, ainda na quarta-feira, a Prefeitura de Valadares assinou protocolo conjunto de intenções com a primeira empresa que deseja se instalar no município por causa dos benefícios garantidos pela Sudene. A Hypofarma é uma indústria farmacêutica especializada em injetáveis com sede em Belo Horizonte e fábrica em Ribeirão das Neves. As proprietárias, irmãs Gina e Giana Marcellini, assinaram o protocolo de intenções com o prefeito André Merlo.
“A vinda da Hypofarma é o início dessa virada de página para Valadares e região. A gente trabalha politicamente, conseguimos essa inclusão na Sudene, e agora é um trabalho de captação das empresas, mostrar que aqui temos um ambiente propício para o investimento. É muito simbólico para a retomada do desenvolvimento do Vale do Rio Doce. Vamos estar no mapa dos investidores de todo o Brasil”, disse o prefeito.
Segundo Giana Marcellini, a instalação da Hypofarma em Valadares ocorrerá em duas fases. A primeira com R$ 10 milhões em investimentos e contratação de 100 funcionários. “A fase dois é mais complicada, envolve construção de fábrica nova e tecnologias mais modernas. Essa vai precisar de investimentos de 500 milhões a 600 milhões de reais, e para mais de 1.000 funcionários. Até a fase dois serão uns quatro anos para funcionar”, revelou a proprietária.
Ao final da solenidade da assinatura do protocolo de intenções, as duas proprietárias e a secretária de Desenvolvimento, professora Beatriz Pereira de Almeida, receberam kits com produtos elaborados pelo curso de Farmácia da Univale. O professor Carlos Alberto Silva, citado na cerimônia por ter tido o primeiro emprego na Hypofarma, destacou que ter o curso de Farmácia da Univale funcionando há 25 anos em Valadares contribuiu para que o município recebesse o novo projeto da indústria farmacêutica. “Temos faculdade de Farmácia há 25 anos e estamos em uma região que tem mão de obra e logística para transporte. Acredito que escolheram por esses tópicos”, observou.
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