Sumário
Assim como em outras áreas de atuação, a saúde tem implementado a Inteligência Artificial (IA) em processos de automatização e agilidade em tarefas simples e frequentes. Um exemplo recente da implementação da tecnologia é a Farmácia Clínica do Hospital do Círculo, em Caxias do Sul - RS, que agora conta com o programa NoHarm que auxilia a integração do prontuário médico com a validação farmacêutica.
A ferramenta otimiza os processos e o tempo por meio dessa unificação em apenas um modelo. Após sua utilização, a equipe não precisa mais consultar três programas diferentes para realizar uma tarefa, pois todas as informações estão em apenas um lugar. Para áreas que estão acostumadas com o excesso de burocracia, a simplificação proporcionada pela tecnologia parece mágica.
O uso da IA na promoção da saúde pode ser definido como toda e qualquer inovação tecnológica através de métodos e dispositivos que serão utilizados em todos os segmentos de cuidados com o paciente, desde tratar doenças a melhorar a reabilitação do indivíduo ou da comunidade.
A Inteligência Artificial pode ser utilizada também para aprimorar a qualidade dos serviços de saúde e aumentar a satisfação dos pacientes. Além de trazer benefícios para as equipes no aumento significativo da eficiência e eficácia no trabalho quando utilizada da forma adequada.
A Aula Magna do Núcleo de Saúde da Universidade Vale do Rio Doce (Univale) trouxe o tema para discussão, com o evento intitulado “Aplicação da Inteligência Artificial como Ferramenta para Área da Saúde”. Nos dias 13 e 14 de março, estudantes de diversos períodos de 10 cursos que fazem parte do núcleo se reuniram para uma palestra com o professor Márcio Souza, que é doutor em inteligência artificial pelo programa Multicêntrico de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal de Juiz de Fora.
“O que acontecia muito: o pessoal da área da saúde não consegue, ou não tem tanta aptidão para programação, área de cálculo e afins, aí deixa um pouco de lado a inovação e o empreendedorismo. Então, a inteligência artificial, ela traz diversas oportunidades para o aluno da área da saúde voar muito mais alto”, destaca o palestrante.
Para a estudante Ágata Pietra, do curso de Biomedicina, o evento foi uma oportunidade de troca de conhecimentos. “São assuntos que não são pautas tão levantadas no nosso dia a dia, e talvez essa abordagem aqui esclareça mais, e desperte o interesse de entrar na área e em diversos outros assuntos”.
Ao ser questionada sobre a importância do assunto, a professora Luciana Silveira, coordenadora do curso de Fonoaudiologia da Univale, afirma que “a inteligência artificial na área da saúde tem uma grande valia na questão da definição de diagnósticos mais precisos de doenças, que às vezes são multifatoriais, e têm sintomas comuns a várias doenças e acometimentos. Também possibilita a comunicação mais fácil com o paciente. Então, ela agiliza o atendimento em função da produção às vezes de exercícios, textos e formas de interação. Isso tudo favorece muito, otimiza o atendimento de todos os profissionais de várias áreas de saúde”.
Para a coordenadora, a IA é uma aliada, mas nunca será soberana, preconizando a importância de sempre ter um profissional à frente da avaliação clínica. "O olhar, a expertise do profissional, a experiência dele, a prática, o raciocínio clínico — às vezes alguns detalhes que são realmente mais sensíveis ao homem, ao olhar do ser humano, do que da máquina”, ressalta.
Além disso, ela também destaca que existem alguns limitadores quanto ao acesso a essa modalidade de atendimento. “Eu falo pela questão de acessibilidade mesmo, dos custos disso, dos equipamentos necessários, da questão da internet. São pontos que desfavorecem o uso da inteligência artificial para todos da área da saúde”.
Uma dúvida que pode surgir ao falar sobre a IA é quanto ao seu funcionamento. A inteligência é capaz de simular o funcionamento cognitivo do ser humano, ou seja, através de softwares é possível realizar tarefas como interpretar dados, relacionar e responder comandos com eficiência. Auxiliando na precisão e rapidez de diagnósticos de doenças, já que é possível fazer uma análise dos dados armazenados à procura de padrões.
O uso da IA é sempre voltado para o cuidado ao paciente, pensando na otimização e qualidade do atendimento clínico, potencialização dos tratamentos, redução de erros, dispensação e administração de remédios e integração de dados da pessoa a todos que estejam envolvidos em seu tratamento.
Mesmo com todos os avanços proporcionados pela Inteligência Artificial, o lançamento desses dados utilizados para possíveis diagnósticos ainda são feitos manualmente pelos profissionais que atuam nas clínicas e hospitais.
Governos ao redor do mundo têm adotado a Inteligência Artificial para utilizá-la em serviços mais simples e rotineiros, como o atendimento por chat bots, que são utilizados para tirar dúvidas frequentes das pessoas. Deixando assim o profissional da saúde livre para poder dedicar-se a demandas mais complexas.
Aqui no Brasil a IA tem sido implementada no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), tornando possível a realocação desses profissionais em outras áreas, já que a inteligência atua no call center do serviço.
Ainda se tratando de território nacional, a IA precisará adaptar-se a assuntos como acessibilidade, desigualdade social e o acesso a internet, pois 15,3% da população ainda não tem acesso à internet.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou em 2021 o primeiro relatório global sobre o uso da IA na promoção de saúde e seis princípios que devem ser seguidos para a concepção e uso da tecnologia, visando reduzir os riscos e aumentar as oportunidades de seu uso. São eles:
Os princípios irão nortear os futuros trabalhos da OMS em relação a Inteligência Artificial para que ela seja pública e acessível a todos.
Pereira KSS , Melo DRA , Junior DCV , Rodrigues LG. Fatores que influenciam a aceitação de Tecnologias de Inteligência Artificial na Saúde. Revista Gestão & Saúde, 2022.
GOMES, Hermes Oliveira. Inteligência artificial na saúde pública e privada é possível? Revista de Ciências Médicas e Biológicas, 2018.
NETO, Conrado Dias do Nascimento; BORGES, Karla Firme Leão; PENINA, Patrícia de Oliveira; PEREIRA, Adan Lúcio. Inteligência artificial e novas tecnologias em saúde: desafios e perspectivas. Brazilian Journal of Development, 2020.
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