O Dia Mundial do Autismo é celebrado anualmente em 2 de abril. Nesta terça-feira, a data será marcada em Governador Valadares pelo lançamento do livro “Meu amigo Pedro, meu amigo João”, em que a escritora, designer e professora valadarense Fabiana Temponi fala de suas experiências com o irmão João Pedro, diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), e com outras cerca de 100 crianças autistas para quem lecionou ao longo de mais de uma década. Egressa do curso de Design Gráfico da UNIVALE, Fabiana faz o lançamento em Valadares às 19h30, no Teatro Atiaia. Antes mesmo da publicação chegar a leitores valadarenses, a obra já foi premiada no Salão do Livro de Genebra, na Suíça.
Também pedagoga e com especializações em Ensino da Arte e em Robótica Educacional, Fabiana já foi professora de Artes, função que deixou de exercer há dois anos, e desde então é professora de Robótica. O desejo por ensinar, que sempre existiu, se desenvolveu ainda mais quando ainda era aluna da UNIVALE, onde concluiu o curso em 2010.
“Sempre gostei muito de ensinar, de trabalhar ensinando de alguma forma. Quando eu era menor, dava aulas particulares. E quando eu me graduei em Design Gráfico, a UNIVALE me ajudou muito, porque eu e dois amigos de curso fizemos um trabalho com pessoas com deficiência visual. E a UNIVALE cedeu para a gente o laboratório de informática, para a gente dar aula para deficientes visuais. Tivemos acesso ao laboratório, e cerca de 30 pessoas com deficiência visual foram atendidas. A gente também usava o ateliê, para aulas de modelagem e cerâmica”, relata Fabiana.
Como escritora, “Meu amigo Pedro, meu amigo João” é a quarta obra publicada por Fabiana – antes, já havia publicado dois livros com dicas de práticas pedagógicas diferenciadas para professores, e outra publicação voltada ao público infantil baseada nas próprias experiências.
“Meu primeiro livro infantil eu escrevi para minha filha, quando tive câncer de mama. É um livro que se chama ‘Mamãe ficou dodói’ e conta a história do tratamento do câncer, para que minha filha pudesse entender o que aconteceu. Não só minha filha, mas meus alunos também. Na época eu fui à escola explicar o que ia acontecer, que eu ia entrar de licença. Desenhei no quadro como seria a cirurgia e respondi as perguntas deles. Trabalhar com crianças me ajuda a ser escritora, e ser escritora me ajuda a trabalhar com crianças”, afirmou.
A obra mais recente também tem inspiração na vida familiar. Dois dos irmãos de Fabiana, João Pedro (atualmente com 12 anos) e Luís Davi (de 10 anos), são autistas. Quando o livro “Meu amigo Pedro, meu amigo João” foi produzido, em 2020, apenas João Pedro tinha sido diagnosticado com autismo. Com o falecimento do pai, no mesmo ano, a publicação acabou sendo adiada.
“O João sabia sobre o livro, mas ficou guardado. Ele mora em outra cidade e a gente se vê muito pouco, a gente conversa por telefone. Mas vejo que ele tem muito dos meus alunos. Enquanto professora, há mais de 10 anos lecionando para crianças, já tive mais de 100 alunos com autismo e o livro tem um pouco da história de cada. É um grupo de estudantes com quem me identifico muito, a gente tem muito apego e consigo conversar bem com eles. Quis trazer um pouco de cada um para o livro, com o intuito de conscientizar sobre o autismo. É um livro com linguagem que a criança entende, mas o adulto também pode utilizar. Tanto para o autoconhecimento quanto para explicar o autismo para outras crianças. Profissionais de saúde, psicólogos, pedagogos e professores podem e devem usar em sala de aula”, declarou.
Um percentual da arrecadação de cada exemplar vendido de “Meu amigo Pedro, meu amigo João” será revertido em doações para o Projeto Libélula, rede de apoio que auxilia famílias de pessoas que estão no espectro do autismo em Valadares. O livro foi publicado pela editora suíço-brasileira Helvetia, que atua na divulgação da literatura brasileira na Europa.
No dia 6 de março, a obra recebeu o VII Prêmio Talentos Helvéticos, no Salão do Livro de Genebra, na Suíça. “Foi um momento bem marcante e diferente. É muito bom estar em contato com outras pessoas, outras culturas e outras línguas, com outros olhares. Foi um momento de troca muito grande, de conversar com outros escritores, e espero que isso se repita mais vezes com os próximos livros. O Salão do Livro tinha escritores do mundo inteiro e no estande da Helvetia nós recebemos a Carla Madeira, a autora mais lida no Brasil na atualidade. Ela teve um momento de troca bem intensa com os autores presentes”, disse Fabiana.
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