Sumário
Durante passagem pela Cop30, Marielly acompanhou painéis dedicados às questões socioambientais, com destaque a desafios e urgência da titulação dos territórios quilombolas
Entre os dias 14 e 17 de novembro, a mestranda em Gestão Integrada do Território (GIT) na UNIVALE, Marielly Gonçalves Nunes Pereira, do Quilombo Águas Claras, em Virgolândia, participou da Cop30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, compartilhando, no espaço internacional de debates climáticos, as perspectivas, expectativas e experiências das comunidades quilombolas do Brasil. A mestranda quilombola é bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e participa de pesquisas do Núcleo Interdisciplinar de Educação, Saúde e Direitos (Niesd), laboratório vinculado ao GIT.

Durante sua passagem pela Cop30, Marielly acompanhou diversos painéis dedicados às questões socioambientais, com destaque para aqueles que abordaram os desafios e a urgência da titulação dos territórios quilombolas. Além disso, a mestranda integrou o painel promovido pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), “Gestão Territorial e Ambiental Quilombola: contribuições para a mitigação e adaptações às mudanças climáticas no Cerrado e na Mata Atlântica”, que reuniu lideranças quilombolas e autoridades para debater estratégias para enfrentar as mudanças climáticas a partir dos saberes tradicionais. O painel contou também com a participação de Ronaldo dos Santos, secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos (SQPT), do Ministério da Igualdade Racial, reforçando o diálogo entre Estado, movimentos sociais e territórios tradicionais.
A UNIVALE destaca que a participação da estudante quilombola na Cop30, o principal evento climático do mundo, reforça a importância do acesso à educação superior como ferramenta de transformação social, simbolizando avanço das políticas de inclusão e evidenciando como a universidade pode contribuir para que pessoas quilombolas ocupem espaços de formulação de políticas públicas e construção de agendas de justiça climática.
Você pode se interessar por:
- Em entrevista à Rádio Justiça, professor da UNIVALE analisa temas jurídicos em filmes latino-americanos
- Edital UNIVALE Nº 097/2025 - Retificação do Edital UNIVALE Nº 085/2025 — Edital de Chamada Pública Para Submissão de Histórias Inspiradoras Projeto “SEMENTES DO CONHECIMENTO”
- Professoras e alunas avançam em projeto que incentiva participação de meninas em ciências exatas
Em seu depoimento, Marielly compartilhou a experiência vivenciada no evento: “Estar na Cop30 foi uma experiência profundamente marcante. Como mulher quilombola, levar a voz e a força da minha comunidade para um espaço global de debates climáticos ampliou minha compreensão sobre nossos desafios e reforçou meu compromisso com a defesa dos territórios. Integrar um painel da Conaq e discutir titulação e justiça climática foi uma conquista coletiva, construída por muitas mãos e muitas histórias. Estar ali só foi possível porque políticas públicas permitiram que pessoas quilombolas chegassem à educação superior. Que esse caminho continue aberto, para que cada vez mais de nós ocupemos a universidade e estejamos presentes, de forma consciente e fortalecida, nos lugares onde decisões que impactam nossas vidas e territórios são construídas. Essa participação é um marco pessoal, acadêmico e coletivo, e me sinto honrada e extremamente grata por essa oportunidade”.
Além das sessões formais da Cop30, a mestranda também esteve presente na Marcha Global pelo Clima, organizada pela Cúpula dos Povos em 15 de novembro, onde se reuniram cerca de 70 mil pessoas nas ruas de Belém, incluindo indígenas, ribeirinhos, quilombolas, movimentos sociais e ativistas de diversas partes do mundo. Durante a marcha, as demandas foram diversas: demarcação de terras indígenas e quilombolas, financiamento climático, transição energética justa, fim dos combustíveis fósseis e fortalecimento da agricultura familiar, dentre tantas outras.
Para Marielly, estar nesse ato coletivo reforçou ainda mais o sentido de pertencimento e a importância das mobilizações populares para a justiça ambiental: “Participar da Marcha Global pelo Clima foi extremamente simbólico, potente e marcante. A força de tantas vozes unidas mostra que a luta por justiça climática é também luta por reconhecimento, por igualdade e por políticas que incluam a sabedoria dos nossos territórios. Foi um momento poderoso de afirmação de que nossos povos também são guardiões da vida, ressaltando que não há justiça climática sem quilombo titulado”.
Veja mais fotos da participação da mestranda na Cop30:













