Sumário
Na última segunda-feira, 16 de dezembro, alunos e professores do Mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT) se reuniram para participar do IV Seminário Ligações Migratórias Contemporâneas: Brasil, Portugal e Estados Unidos, promovido pelo Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Regional (Neder).
O evento teve a participação de pesquisadores renomados da área de fluxos migratórios, vindos de diferentes instituições, que formaram mesas de debate sobre assuntos relativos ao tema. Os participantes ainda puderam conferir uma exposição fotográfica com o tema “múltiplos olhares sobre a migração”, montada pelo fotógrafo Ricardo Alves, ex-aluno do GIT.
O evento começou com uma breve apresentação da professora Gláucia Assis, graduada em Ciências Sociais pela Univale, e atualmente pesquisadora na Universidade Estadual de Santa Catarina. Gláucia chamou atenção para o fato de que, a partir do começo do século XXI, a migração internacional se tornou cada vez mais feminina, mas ainda assim existe um estereótipo negativo da mulher brasileira que prevalece forte.
A pesquisadora estuda a migração de brasileiras para Portugal, e destaca que as novelas que são exibidas lá contribuem muito para a construção do imaginário acerca do Brasil. “Na década de 80, nós tínhamos a novela Gabriela sendo exibida lá, e a sensualidade gerou um escândalo enorme em Portugal, que na época era um país muito conservador”.
De acordo com Gláucia, apesar de esse imaginário ter se transformado na medida em que mais brasileiras chegaram à Portugal e o contato com os portugueses aumentou, o estereótipo negativo ainda é um problema a ser superado.
Ainda na primeira mesa redonda, o professor Romerito Valeriano, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais em Timóteo, abordou a questão do retorno dos migrantes ao Brasil.
O pesquisador apresentou uma classificação desenvolvida por ele, com base nas categorias criadas pelo cientista italiano Francesco Cerase, que demonstra quais são as situações mais comuns em que se encontram os migrantes que retornam de Portugal para as pequenas cidades do interior do Brasil.
Dentre mais de 700 entrevistados, o trabalho de Romerito encontrou as mais diversas opiniões, desde aqueles que voltaram por acreditarem que já haviam alcançado todos os seus objetivos fora do país, até aqueles que se arrependeram de um dia ter saído do Brasil.
A segunda mesa redonda teve como tema central o lugar da juventude no processo de migração. A temática foi apresentada e debatida pelo pesquisador Francisco Canela, da Universidade Estadual de Santa Catarina, e pela professora Eunice Nonato, do GIT Univale.
A mesa foi mediada pela professora Sueli Siqueira, que destacou a importância do assunto, que é uma abordagem nova dentro do tema. “A migração internacional se torna uma questão mais ampla do que simplesmente um movimento de uma pessoa, ela se torna agora uma mobilidade de um grupo de pessoas, que envolve famílias inteiras. Nós temos agora as famílias transnacionais, que têm membros que são nascidos no exterior, mas têm uma ligação muito forte com o Brasil”.
Nessa perspectiva, Sueli Siqueira ressaltou a complexidade do que é enfrentado pelos jovens tanto fora do país, quanto ao vir para o Brasil, já que muitos deles são nascidos no exterior. “O nascido em outro país, mesmo que tenha a documentação, nem sempre ele consegue uma integração completa. Ele acaba vivenciando duas culturas, dois lugares diferentes. Nós vemos problemas de exclusão tanto lá, no país em que eles nasceram, quanto aqui, no momento do retorno, e isso gera uma série de questões”.
De acordo com o professor Francisco Canela, essa situação acaba gerando uma onda de exclusão que faz com que esses jovens não se sintam pertencentes a lugar nenhum. Isso seria um fator desencadeador para problemas sociais e de violência.
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