Debates sobre psicologia, psicanálise, construção social de valores e busca por saciar desejos ligados a emoções e sentimentos. À mão, um copo de cerveja. O ambiente é informal, mas a conversa, ainda que pretendendo ser leve, se aprofunda em teorias de autores renomados da área. É essa a dinâmica do “Psicologia de Boteco”, projeto que teve em todas suas versões o egresso do curso de Psicologia da UNIVALE, Pedro Bezerra.
A edição mais recente foi na noite de 10 de outubro, no estúdio Tattoo Arte Vida, com abertura musical de Serena Barroca e participação do psicanalista Rodrigo Zanatta, também egresso da UNIVALE. “As emoções influenciam o cotidiano. As emoções são as mesmas, mas as formas de sentir são diferentes. As emoções perpassam pela gente o tempo todo. E, no mundo que a gente está, de diagnósticos e medicamentos, a ideia é voltar a olhar para o básico antes de patologizar e colocar todo mundo em uma caixinha”, explicou Pedro.
Durante as conversas dessa edição do Psicologia de Boteco, alguns dos temas abordados foram a diferença entre emoções e sentimentos, e como essas sensações se relacionam à busca por prazer e fuga de desconforto. “Ninguém gosta de sentir desconforto. A gente está na busca da felicidade, e a felicidade é uma emoção positiva. As emoções não estão aí para serem controladas, estão aí para serem sentidas. E, às vezes, nomear é necessário para a pessoa entender o que está sentindo. De acordo com Paul Ekman, as emoções têm um propósito evolutivo, estão aí para a gente se manter vivo”, argumentou Pedro.
Rodrigo Zanatta destacou como palavras são usadas para descrever o estado subjetivo das pessoas, modulando sentimentos e a construção de afetos. “Emoção, sentimento e afeto são palavras cujos campos de significação, o campo semântico do que a gente quer dizer quando ouve essas palavras, se sobrepõem com enorme frequência. Atualmente é comum, quando alguma pessoa está apaixonada demais, dizer que ela está emocionada. São três palavras que, em qualquer tentativa de fazer distinção entre elas, será uma distinção arbitrária”, analisou.
O psicanalista apontou que o processo de construção social leva a formas mais rebuscadas de afetos e sentimentos. Para Zanatta, essa construção envolve o que a sociedade acha interessante preservar e o que a sociedade acha interessante excluir da existência e da vida cotidiana das pessoas.
“Há uma dimensão de um movimento com a conexão que se estabelece com algo que vem de fora, ou o que alguma coisa causa nas pessoas, e há a dimensão da percepção que se tem disso, com o estado subjetivo e a forma como se percebe esse estado subjetivo, o aspecto qualitativo até dessa percepção. O denominador comum geral disso tudo é se causa prazer ou desprazer. Ainda que entrem outras sensações, há algumas que são prazerosas, e outras são desagradáveis”, disse Rodrigo Zanatta.
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