Sumário
Recentemente, a saúde indigena se tornou um dos assuntos dos grandes jornais de TVs, rádios, sites, além das mídias sociais. A pauta ganhou expansão internacional com a crise sanitária e de desnutrição dos povos Yanomami, e assim, a voz e necessidades dos quase 900 mil indígenas no território brasileiro vieram à tona em todo mundo. Mas, afinal, como funciona a saúde para as comunidades indígenas?
Os programas e administração para atender a saúde dos povos indígenas, no âmbito nacional, são divididos por organizações que correspondem a macro e micro poderes e demandas.
Isto é, a partir do SUS (Sistema Único de Saúde), a SESAI, Secretaria Especial de Saúde Indígena, é a responsável por coordenar e executar programas, projetos e ações para as mais de 300 etnias e povos em todo Brasil.
Uma das responsabilidades da SESAI é a Política Nacional à Saúde dos Povos Indígenas, que faz a gestão da Atenção à Saúde Indígena (SASISUS), além das Casas e Polos de saúde indígena, sendo todas essas esferas pertencentes ao Ministério da Saúde (que é o poder de centralização máxima de saúde pública no Brasil).
Já a gestão de boa parte dessas esferas que englobam os serviços de saúde indigena é feita pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI). Na prática e em conjunto, as políticas públicas para a saúde indígena têm como missão proteger, criar e recuperar a vida humana dos povos.
Apesar das políticas públicas para a saúde indígena, o acesso e execução plena das iniciativas ainda não são uma realidade completa, vistas as dificuldades enfrentadas por quem exerce os serviços de saúde, como conta a médica egressa da Univale, Ariana Pinheiro, que durante o internato do curso esteve com os indígenas Maxakali, em Machacalis (MG).
Um dos maiores desafios que a egressa encontrou nos atendimentos foi em relação ao idioma, já que os indígenas falam a língua nativa Maxakali. E não era sempre que havia um intérprete acompanhando os estagiários nos atendimentos.
“Tivemos que aprender alguns termos para facilitar o atendimento. Outro desafio é a alta demanda de lactentes e crianças com infecções gastrointestinais, de vias áreas e desnutrição intensa. Isso tudo em conjunto era um fator preocupante que se não tratado rápido levava a morte, devido à baixa imunidade associada a baixo peso. Escutamos muito uma frase bem triste que era assim ‘a dificuldade é conseguir sobreviver até os 5 anos, se o maxakali passou dessa idade tá salvo.’ Já que muitos deles morriam dentro desse período de idade”.
A médica explica que os atendimentos aos Maxakalis aconteciam de maneira interdisciplinar, com uma equipe composta de médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros e outros profissinais.
”As aldeias ficam a cerca de 40 minutos da cidade Machacalis e a Prefeitura disponibiliza um carro para nos levar. Chegando lá tem um galpão com umas 5 salas, onde há farmacinha, consultório, um espaço para eles {os indígenas} aguardarem e as crianças brincarem. O enfermeiro e o técnico que fazem as visitas semanais já tem uma lista de quem precisa de atendimento médico, que ocorre de 15 em 15 dias (pois para a aldeia mesmo não havia médico, este havia saído). Então, com essa lista de pacientes, o atendimento acontecia. Para os pacientes de emergência, os atendimentos eram no hospital Cura D'ars no Centro de Machacalis, sendo solicitado na aldeia pelos técnicos”.
Além dos polos de atendimento, outro canal para serviços da saúde e que contempla a saúde indigena é o Disque 136.
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