Sumário
Por: Natalia Lima Amaral
Explorando diversos aspectos da temática “Saúde Única” — conceito nascido nos Estados Unidos como“One Health” — a Aula Magna do Mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT) da UNIVALE aconteceu na noite desta quarta-feira (25/10), às 19h, no Centro Cultural Hermírio Gomes da Silva.
Para tratar sobre “Os desafios da compreensão da Saúde Única no território”, o eventou contou com a presença da doutora em Saúde Pública, Waneska Alves, professora associada da Universidade Federal de Juiz de Fora (Campus Governador Valadares), que é líder do grupo de pesquisa Ciência, Saúde e Sociedade e vice-líder do grupo de pesquisa Educação, Saúde e Desigualdades Sociais.
A escolha do tema se deu, principalmente, pela sua força interdisciplinar e da sua evidente relação com o território, principal objeto de pesquisa do GIT. O coordenador do Observatório Interdisciplinar do Território (OBIT) e presidente da Câmara de Extensão, Cooperação e Comunicação do Mestrado GIT, Bruno Capilé, explicou que o conceito de Saúde Única surgiu originalmente da Medicina Veterinária e pretende ampliar o olhar para a saúde considerando três aspectos: saúde humana, saúde animal e saúde do ambiente.
“É um conceito muito importante para o poder público repensar políticas de saúde, mas também tem uma importância para a comunidade como um todo. É pelo domínio desses conhecimentos que podemos atuar diretamente no território e articular mudanças positivas para a população e o ambiente”, destacou Bruno.
Um exemplo citado por ele é a questão da dengue em Governador Valadares e região. “É uma doença endêmica que persiste em nosso território. Nós não podemos olhar apenas para o indivíduo, seres humanos. É necessário também olhar para o animal e para o ambiente, esses três pontos importantes se encontram. No caso do animal, o vetor é o mosquito Aedes aegypti. Como se dá o ciclo dele? Como as mudanças ambientais, o regime de chuva ou as cheias do Rio Doce, afetam sua reprodução? Estas e tantas outras perguntas ampliam a nossa visão sobre a temática”, explicou.
O coordenador do curso de Medicina Veterinária da UNIVALE, Victor Negrão Póvoa, comentou que cada vez mais é possível ver que os animais domésticos estão fazendo parte das famílias e dos lares. “Muitas doenças, como leishmaniose e outras zoonoses, têm alta incidência na população de animais, além da correlação com a população humana. A leishmaniose humana, por exemplo, é visceral e tem um fator dos animais nisso tudo, visto que em certos bairros há mais animais do que pessoas. Isso mostra que, com sua vasta área de conhecimento, o veterinário tem total condição de ser um instrumento na contribuição à Saúde Única e à saúde coletiva da população”, explicou.
Outro exemplo apresentado por Victor está relacionado à alimentação animal. “Quando pensamos em alimentos, seja de hortaliças ou forragens que servem de alimentação para o gado de leite ou de corte, ter um profissional veterinário envolvido nesses processos é fundamental. A agroindústria e o agronegócio fomentam majoritariamente o PIB do nosso país. Portanto, a temática apresentada pela Aula Magna do GIT é fundamental para fortalecer e mostrar o quão inseridos estamos no território.E acredito que é muito importante para os alunos compreender que o veterinário é muito bem quisto e requisitado em diversas políticas públicas no controle de doenças, na questão de Saúde Única”, reforçou.
Ainda durante a Aula Magna, a professora Waneska acrescentou que o conceito de Saúde Única está inserido dentro da Saúde Planetária, que sugere que a saúde deve ser abordada de maneira integral, considerando o planeta e os seus ecossistemas. “Esses conceitos são distintos, mas se complementam. E trazer o aspecto do território faz com que eles sejam ampliados, de maneira integrada, multisetorial, interdisciplinar e global. O território é um local de diversidade cultural e de biossistemas, principalmente considerando o Brasil, mas também um local de desigualdades sociais e de ocorrência de doenças e agravos das bandeiras mais diversas possíveis”, relatou.
De acordo com ela, entender como esse território afeta na saúde humana, na saúde animal e no meio ambiente é essencial para a compreensão do adoecimento humano e para o desenvolvimento de ações de prevenção e controle. “O trabalho em equipe e colaborativo dos profissionais, não só da Saúde Animal, como também do meio ambiente, é fundamental. Os exemplos que temos são as secretarias de saúde, de meio ambiente e de agropecuária, como temos aqui em Minas o Instituto Mineiro de Agropecuária. O meu principal objetivo foi abordar a interprofissionalidade dentro dessa visão global de saúde, que não é mais só a saúde humana, mas que também envolve outros setores”, ressaltou.
Assista a gravação completa da Aula Magna do Mestrado em Gestão Integrada do Território.
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