Geografia Humanista é uma corrente do pensamento geográfico que participa fortemente das reflexões sobre estudos territoriais, uma base importante do mestrado interdisciplinar da UNIVALE
O 13º Seminário Nacional sobre Fenomenologia e Geografia (Seghum) foi realizado entre os dias 2 e 4 deste mês em Fortaleza-CE, com o tema “Geografias Humanistas e Culturais: pluralidade e diversidade”, e o mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT) da UNIVALE foi representado com a participação da professora Fernanda Cristina de Paula e da egressa Juliana Maria Xavier. Ambas organizaram o minicurso “Espacialidades raciais: perspectivas fenomenológicas sobre corpo, lugar e literatura”, e a professora Fernanda também foi palestrante, na sessão de Corporeidades, compondo a mesa-redonda “Corpo político, Geografia encarnada”.
A Geografia Humanista, explica Fernanda, é uma corrente do pensamento geográfico que participa fortemente das reflexões sobre estudos territoriais, uma base importante do mestrado interdisciplinar da UNIVALE. A docente integra o grupo de pesquisas em Geografia Humanista que, a cada dois anos, realiza o Seghum. “O Seminário Nacional de Fenomenologia e Geografia é um seminário que reúne pesquisadores, interessados e estudantes de uma corrente de pensamento geográfico que se chama Geografia Humanista Cultural. É o seminário maior, o mais antigo seminário dedicado à geografia humanista no Brasil”, comentou a professora.

Fernanda ressalta que a participação em publicações acadêmicas e em eventos, como o Seminário sobre geografia humanista, coloca pesquisas produzidas na UNIVALE na ponta do pensamento científico sobre discussões territoriais. “Participei com a palestra Corpo Político, Geografia Encarnada, uma discussão que venho empreendendo, de pensar o que é ser um corpo político, a partir da filosofia de Maurice Merleau-Ponty, em sentido de pensar os territórios desde o corpo, com o corpo, a partir do corpo. E para essa palestra, em específico, discuti a dimensão política desse território compreendido, sobretudo a partir da leitura, compreensão e interpretação da obra de Frantz Fanon, que foi um psiquiatra e um pensador da Martinica radicado na França, muito importante para o pensamento decolonial e para discussões da racialidade”, afirmou.
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Com a egressa do GIT, Juliana Xavier, e também com pesquisadores de outras instituições – Luiz Tiago de Paula (Unicamp) e Douglas Vitto (UEL) – Fernanda também organizou o minicurso “Espacialidades raciais: perspectivas fenomenológicas sobre corpo, lugar e literatura”, reforçando laços interinstitucionais do GIT, em particular o Núcleo Interdisciplinar de Educação, Saúde e Direitos (Niesd), laboratório de pesquisas vinculado ao mestrado. “Essa troca interinstitucional também potencializa a criação de reflexões territoriais, de como ampliar a rede do Niesd, do GIT e da UNIVALE nesse movimento”, acrescentou a professora.

Juliana avalia que os participantes do minicurso contribuíram com suas próprias experiências e reflexões, o que permitiu um diálogo muito proveitoso. “No minicurso nós apresentamos uma introdução sobre fenomenologia e raça, pensando a raça como experiência que é sentida, vivida no corpo e pelo corpo. A ideia do minicurso era propor um olhar para a experiência vivida racializada e como podemos perceber isso também na arte, com a literatura. Separamos 11 recortes de textos de autoras e autores negros, Conceição Evaristo, Maria Carolina de Jesus, Jeferson Tenório, Oswaldo de Camargo, Stefano Volp e Mário Medeiros. Em cada recorte a relação entre espacialidade, corpo e raça se apresentava de maneiras diferentes, o que é a potência da literatura. Como foi escrito no texto que fizemos para o momento: a literatura como possibilidade de escrita visceral torna possível pensar em como acontece a confluência entre o cotidiano vivido, as experiências de racismo e as espacialidades”, destacou a egressa do GIT.

