Sumário
Desde novembro de 2015, quando se rompeu a barragem da mineradora Samarco no município de Mariana, a recuperação ambiental do Rio Doce é uma preocupação de toda a sociedade que vive no território da Bacia Hidrográfica do Rio Doce. Ao longo de toda a semana, entre os dias 19 e 24, o Seminário de Ciência Cidadã na Bacia do Rio Doce reuniu pesquisadores e representantes da comunidade para aprofundar essas discussões, com palestras, oficinas e debates realizados em Governador Valadares e outros três municípios, em Minas Gerais e no Espírito Santo.
O Seminário foi realizado pela Fundação Renova, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês) e com apoio da UNIVALE, que sediou as palestras e oficinas acontecidas em Governador Valadares. A ciência cidadã traz a participação da comunidade para a realização de pesquisas e, na avaliação do coordenador do curso de Engenharia Civil e Ambiental da universidade, professor Hernani Santana, o envolvimento da população amplifica a produção do conhecimento.
“Quando a gente trabalha com uma questão mais participativa, envolvendo a comunidade, já dá um resultado gigantesco na bacia e em prol da bacia. Quando a gente trabalha a ciência cidadã, a gente envolve o cidadão comum e pesquisadores da academia, e isso aumenta a capilaridade de pesquisas e de projetos. A inserção universitária na comunidade é gigantesca, essa é a maior vantagem que existe para a universidade e para toda a bacia”, disse o professor.
Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce), Flamínio Guerra considera que a abordagem multidisciplinar e a participação da sociedade são essenciais para projetos de recuperação ambiental. “É fundamental o que está acontecendo aqui, com um grupo multidisciplinar, e a gente vê o que cada um está fazendo em prol do meio ambiente e das nossas águas. Isso é um processo de construção, nada engessado, e o Comitê tem essa característica de não ter nada engessado. Tudo é construção com os atores locais, e é isso que precisa ser feito. Com cada um falando o que está fazendo, a gente vê o que pode melhorar e como avançar para um ambiente mais equilibrado, e com águas em quantidade e qualidade para atender a vida humana”, destacou Flamínio.
Coordenador dos setores de Ciências Naturais e de Ciências Humanas e Sociais da Unesco, Fabio Eon afirma que o órgão ligado às Nações Unidas atua em parceria com a Fundação Renova, desde 2019, em várias ações ligadas à reparação dos danos causados após o rompimento da barragem em Mariana. Essas ações estão ligadas a eixos como promoção de direitos humanos, reparação de patrimônio histórico, proteção da biodiversidade e monitoramento da água do Rio Doce.
“É aí que entra a Ciência Cidadã. A ideia é trazer a comunidade que vive na região, porque o rio tem vários significados para quem mora no Vale do Rio Doce. É fonte de subsistência, é parte da paisagem, às vezes tem a memória afetiva também. Então é importante trazer a comunidade para monitorar, junto com os especialistas da comunidade científica, para ajudar a coletar amostras do Rio Doce. E, com esses dados, fazer uma ciência participativa e que envolve a comunidade, para no fim chegar a um objetivo comum”, ponderou Fabio, lembrando a importância de que as discussões envolvam cientistas, comitês de bacia hidrográfica, poder público, sociedade civil e escolas.
Receba notícias sobre: vestibular, editais, oportunidades de bolsa, programas de extensão, eventos, e outras novidades da instituição.
"*" indica campos obrigatórios