Sumário
O grupo de pesquisa Direito, Literatura e Reinvenções Simbólicas do Território realizou seu 5º Seminário Aberto. Realizado de forma remota pelo o Núcleo Interdisciplinar de Educação, Saúde e Direitos (Niesd), um laboratório do mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT) da UNIVALE, o seminário com o tema “Diálogo em tempos neoliberais” discutiu o livro “Quarto de despejo”, da escritora Carolina de Jesus, debatendo ainda a produção do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos.
Coordenado pelo professor Bernardo Nogueira, que leciona na graduação em Direito e no GIT, o grupo de pesquisa tem participação de estudantes e docentes de ambos os cursos. “Temos dezenas de artigos publicados, uma dissertação de mestrado já foi fruto desse projeto de pesquisa, e já temos mais duas em andamento”, salientou o docente. Bernardo destaca que o seminário “Diálogo em tempos neoliberais” atraiu participantes da própria universidade e também pesquisadores vinculados a programas de pós-graduação de outras instituições do Brasil.
“É uma forma de fazer pesquisa interdisciplinar e interinstitucional, que permite com que a gente abra um debate democrático acerca das questões sobre o tema da nossa pesquisa. Em especial, neste momento, discutimos a obra literária Quarto de Despejo, da Carolina Maria de Jesus, em diálogo com o pensamento de Boaventura de Sousa Santos, tendo o Direito e o Território como seus elementos estruturantes fundamentais. É uma forma de integrar a graduação com o mestrado, além de ser uma oportunidade de fazer com que os alunos da graduação já dialoguem com pesquisas realizadas no mestrado desde o início do curso”, destacou Bernardo.
A palestrante no 5º Seminário Aberto de Direito, Literatura e Reinvenções Simbólicas do Território, “Diálogo em tempos neoliberais”, foi a aluna do GIT, Letícia Vasconcellos Moreira. Graduada em Direito, ela trouxe a apresentação intitulada “Vivendo após a linha abissal – um diálogo da obra ‘Quarto de despejo: Diário de uma favelada’, com o pensamento de Boaventura de Sousa Santos”.
Em sua fala, Letícia propôs uma reflexão sobre o pensamento hegemônico dominante e as lutas contra-hegemônicas, relacionando a crítica à globalização feita pelo português e a marginalização vivida por indivíduos vulneráveis, reforçada por políticas neoliberais que amplificam estruturas de poder e aprofundam a exclusão e a precarização das condições de vida. E a obra de Carolina de Jesus, argumenta a mestranda, denuncia o sistema social e político que fecha as portas para o sujeito periférico.
“A criação e a negação do outro lado da linha fazem parte dos princípios das práticas hegemônicas. Existem sujeitos e grupos para os quais a modernidade e suas promessas chegaram, os direitos foram garantidos, e formas de emancipação social emergiram. Em contrapartida, existem outros que permanecem marginalizados e vivem após a linha abissal, considerados selvagens ou sub-humanos. O projeto neoliberal utiliza o Direito como um instrumento que sufoca e desestimula insurreições e movimentos sociais, criando uma universalidade de pensamento e uma verdadeira “ditadura das leis”, em que somente um lado é realmente beneficiado, enquanto o outro acredita estar protegido, mas, essencialmente, é explorado”, considerou Letícia.
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