No lugar de carteiras e quadro branco, poltronas e uma tela gigante. Esse foi o ambiente para uma experiência vivida pelos alunos de Direito da UNIVALE, que assistiram ao filme “Ainda estou aqui”. A obra, vencedora do Oscar de Melhor Filme Internacional neste ano, serviu como base para discussões sobre temas jurídicos, sociais e humanos, em exibição que o cinema de Governador Valadares fez exclusivamente para estudantes do curso.
“Trata-se, antes de tudo, de uma inovação pedagógica. Porque a gente passa para além dos muros da escola, e é uma forma nova de aliar o Direito com as artes, neste caso com o cinema”, comentou o professor Bernardo Nogueira.

A proposta permitiu que os estudantes tivessem novas perspectivas diante de questões ligadas à abordagem de direitos fundamentais, sistema de Justiça, e vulnerabilidades sociais. A sessão de “Ainda estou aqui” reforçou também a importância das análises baseadas em conexões do aprendizado teórico e prático. “Essa aula é um diferencial do que todos os outros cursos oferecem, agregando o que está acontecendo no presente, no Direito e no cinema, ligados entre si”, avaliou o estudante Gabriel Mafra.
Após a exibição de “Ainda estou aqui”, uma conversa trouxe debates sobre o período da ditadura militar no Brasil, regime iniciado na madrugada de 31 de março para 1º de abril de 1964. “Que seja uma aula em que a gente possa aprender bastante sobre o tema. É uma aula fora da faculdade, mais interativa e com o debate sobre o filme. Espero que a gente possa sugar tudo que o filme possa transmitir para a gente, e a gente levar para fazer nossos trabalhos”, declarou a aluna Luiza Silveira.

Um dos pontos principais foi sobre o desaparecimento do ex-deputado-federal Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello no filme. Paiva, que teve o mandato cassado pela ditadura, foi retirado de casa pelas forças do regime militar e nunca mais foi visto – até hoje, os restos mortais do ex-parlamentar não foram encontrados.
“É extremamente interessante esse tema do filme ‘Ainda estou aqui’, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional. Ainda mais pela situação que a obra retrata, da ditadura militar, e como o estudo se aplica dentro do Direito. É um assunto bem bacana para a gente estudar”, disse o aluno Paulo Henrique.

Outro ponto discutido foi a trajetória de Eunice Paiva, em interpretação que rendeu a Fernanda Torres um Globo de Ouro de Melhor Atriz em filme dramático, e ainda uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz. Após o sumiço do marido, ela se tornou uma defensora dos direitos humanos e advogada da causa indígena, e ainda dedicou a vida à busca por justiça pelas vítimas da repressão durante a ditadura.
A iniciativa do curso destacou a importância da memória e o compromisso com a verdade histórica. “O Direito está em tudo, então o debate trouxe a posição dos professores de investigar situações reais do filme, detalhando questões que violam direitos fundamentais, sem nenhum viés político. É importante ver a força do Direito e a força desta juventude, que começa a ver o Direito a partir de uma obra clássica como essa”, afirmou o coordenador do curso, professor André Rodrigues.
Veja também a matéria da UNIVALE TV sobre a exibição de “Ainda estou aqui” para estudantes de Direito:

