Sumário
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade elevada. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,2 milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência, e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano no Brasil. Em entrevista a Isabel Fidelis, da UNIVALE TV, a médica Paula Ravenna, neurologista do Ambulatório de Especialidades Médicas (AME) e professora do curso de Medicina da UNIVALE, explicou como é o diagnóstico e o tratamento da doença.
De acordo com estimativas da Alzheimer’s Disease International, o número de casos pode chegar a 78 milhões em 2030, devido ao envelhecimento da população mundial. Esse cenário mostra que a doença caracteriza uma crise global de saúde, e que deve ser enfrentada. A neurologista Paula Ravenna explica que o mal de Alzheimer é uma forma mais comum de demência.
“A doença de Alzheimer é a demência mais prevalente, tanto em nível nacional como mundial. Não é a única, e é muito importante entender isso. Existem várias outras, como demência rapidamente progressiva, demência precoce e demência irreversível. Não quer dizer que demência é sinônimo de Alzheimer”, pontuou a neurologista.
Paula Ravena destaca que o conceito de demência vem da perda da função global do paciente. Em pessoas de menor escolaridade, ou com rotinas pouco complexas, o baixo estímulo cerebral facilita que esses sintomas se manifestem mais rapidamente. A perda de memória é um dos primeiros sinais, e habilidades como atenção, linguagem e cálculo também são afetadas.
“Se o paciente tinha, por exemplo, certas habilidades, na demência ele vai perder essa capacidade. Coisas que ele conseguia fazer, ele vai deixar de fazer. Isso depende também da complexidade do dia a dia do paciente. Por exemplo, um paciente que, no dia a dia, tem mais rotinas domésticas, essa pessoa começa a esquecer a panela no fogo, esquece de fazer as compras, ou de pagar uma conta, ou de dar comida para um bichinho, ou de aguar uma planta. Se o paciente tem uma rotina mais complexa, com nível de escolaridade um pouco maior e várias outras habilidades, talvez essa perda pode ser sutil, e demore para a família perceber. Mas a demência, primeiramente, é uma perda da funcionalidade prévia do paciente”, afirmou.
O diagnóstico da doença de Alzheimer, prossegue Paula, ainda é clínico. “O diagnóstico atual da doença de Alzheimer, de maneira difusa, é clínico, dado pela história e pela avaliação neuropsicológica do paciente. Existem exames laboratoriais e de ressonância magnética do encéfalo, que visam não a fazer o diagnóstico da doença de Alzheimer, mas excluir outras causas de demência.”, acrescentou a professora.
A neurologista enfatiza que não há tratamento que impeça o processo neurodegenerativo da doença. “O que existe disponível hoje na neurologia são medicações que amenizam os déficits, deixam os sintomas mais leves. Mas inevitavelmente a doença vai progredir”, disse.
O principal fator de risco para o surgimento dessa doença é o envelhecimento, salienta Paula Ravena. Porém, existem formas de prevenção para reduzir os impactos dos sintomas no cotidiano dos pacientes. A professora da UNIVALE afirma que podem contribuir para a qualidade de vida de um paciente de Alzheimer: a prática de exercícios físicos de três a cinco horas semanais, a regularidade do sono, o controle de doenças cardiovasculares (como hipertensão, diabetes ou alto colesterol), uma dieta equilibrada, e o estímulo à atividade cerebral.
“É importante ter uma reserva cognitiva, que é aprender alguma coisa nova. Vale qualquer coisa que o paciente tenha aptidão, mas o que tem uma comprovação maior é instrumento musical. Então, se você sempre teve vontade de aprender algum instrumento, quando se aposentar é uma grande oportunidade para aprender. Ou uma nova língua, mas vale aprender qualquer coisa”, frisou a neurologista.
A família de um paciente com Alzheimer, salienta a professora, também precisa de cuidados. Paula Ravenna orienta que algumas medidas podem ser feitas no dia a dia para deixar mais ameno esse cuidado.
“O cuidador adoece junto com o paciente. O cuidador também precisa de cuidado, porque o dia a dia do cuidador, com esse paciente, é muito estressante. Porque vai ter dificuldades para dar banho, alimentar e tirar de casa aquela pessoa que tanto ama, alguém que você está cuidando e nem sequer te reconhece. Às vezes o paciente pode ser agressivo com o próprio cuidador. O que eu oriento é ter amor, paciência e, principalmente dentro de um contexto familiar maior, tentar dividir tarefas, para não sobrecarregar um filho. O cuidador que está mais presente no dia a dia também precisa ter momentos mais tranquilos. Se houver agressividade, tem que ter paciência e notar que não é pessoal aquela agressividade. É preciso ter jogo de cintura, sabedoria e saber mudar o foco, como sugerindo um passeio”, afirmou.
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