Faltam 39 dias para o primeiro turno das eleições. Entre hoje (24) e o dia 2 de outubro, o eleitor deverá tomar muito cuidado com conteúdo sobre política e candidatos, se quiser estar bem informado até o dia de digitar na urna os votos para presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Professores do curso de Jornalismo da Univale, Deborah Vieira e Manoel Assad Espíndola alertam sobre a necessidade de checar fatos para combater o compartilhamento de desinformação, comumente chamada de fake news.
Doutoranda em Comunicação e com pesquisas voltadas para comunicação e política, Deborah aconselha o eleitor a ter cautela com informações recebidas neste período eleitoral. Conforme a professora, é importante verificar a origem e até mesmo o contexto de uma informação, já que dados reais podem ser distorcidos e manipulados para propagar fake news. “É mais um processo de distorção da realidade do que invenção. E isso também traz certa dúvida em quem recebe a informação. Mas muitos não procuram checar ou confirmar, em especial se a informação reforça aquilo que pensam”, observa Deborah.
Ela destaca que uma pesquisa realizada pelo Datafolha em março constatou que 60% dos brasileiros acreditam que as fake news podem influenciar muito o resultado das eleições deste ano. Embora exista a consciência do processo de desinformação, avalia a professora, a produção de fake news ainda é uma ferramenta utilizada por alguns em campanhas eleitorais.
“É interessante perceber que a população tem consciência desse processo, tem consciência do mal que a desinformação e essas notícias falsas fazem. Mas acredito que ainda existe uma propensão, pela questão das próprias bolhas. Apesar do eleitor estar mais calejado e ter consciência dos processos de desinformação, ainda há propensão. Porque muitos não veem essa desinformação como fake news. Eles veem como verdade, como parte do cotidiano e parte do que eles acreditam. Por ser parte da realidade, não se vê como uma notícia falsa”, argumenta a professora.
Ela lembra ainda que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) criou o chatbot Tira-Dúvidas, um mecanismo gratuito e interativo para, via whatsapp, checar se uma informação é falsa ou verídica – eleitores também podem consultar outros dados, como local de votação.
Mestre em Comunicação Política, o professor Manoel Assad afirma que a desinformação no processo eleitoral não é um fenômeno contemporâneo, mas ganhou mais destaque com a midiatização da política e o aumento da polarização nas eleições mais recentes. Com duas forças antagônicas dominando a disputa com grande número de apoiadores, e sem deixar muita margem para outros atores políticos, Manoel frisa que muitos eleitores buscam a informação conveniente ao campo ideológico de sua preferência, sem se preocupar com critérios como veracidade ou credibilidade de fontes.
“O fato é que as pessoas, ao escolherem um lado e defenderem esse lado como defendem seu time de futebol ou até a sua igreja, elas não querem saber se aquela notícia é verdade ou mentira. Eles vão defender o seu lado e compartilhar as informações que estão recebendo de lá. Então tem esse movimento, que tem prejudicado demais as disputas políticas. E, justamente por a gente viver essa grande polarização, há sim a tendência de que o eleitor que está em um lado acredite nas notícias a favor deste lado e contra o outro, e vice-versa”, declarou o professor.
Prevendo eleições alimentadas por fake news, Manoel Assad reforça a necessidade de conferir informações com outras fontes, como agências de checagem e veículos de imprensa com credibilidade. “É sempre importante procurar mais de uma fonte, fontes confiáveis, e sempre checar a informação antes de divulgar. É esse o comportamento ideal”, afirmou.
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