Sumário
O mês está chegando ao fim, mas os alertas da campanha Setembro Amarelo servem durante todo o ano como cuidado com a vida e prevenção de comportamentos autodestrutivos. Na palestra “Rompendo o silêncio e preservando vidas”, realizada sexta-feira (27) para colaboradores da UNIVALE, a psicóloga Marcela Rezende, egressa da instituição e integrante do Grupo de Apoio de Enlutados por Suicídio (Gaes), defendeu que o diálogo sobre a morte e o luto é uma forma importante de prevenir tentativas de autoextermínio.
“A morte dói, mas ela tem que ser dita. Não vai deixar de acontecer, mas, se a gente falar sobre a morte, a pessoa que está elaborando o luto pode reescrever a própria história. E a morte por suicídio causa um luto que é uma dor mais difícil de consentir, porque é uma dor que vem com muita culpa, como se as pessoas fossem culpadas por um adoecimento. E suicídio é agravamento de doença”, afirmou Marcela Rezende.
A psicóloga reconhece que o tema da campanha Setembro Amarelo é desafiador e delicado, inclusive pela preocupação em acionar gatilhos e por ser um tabu, mas ela acredita que é preciso falar sobre o assunto. “É preciso ter cuidado todos os dias. Porque a vida está difícil, a cobrança é muito grande e as pressões são muito grandes. Mas precisamos fazer algo, por mim e pelo outro, senão a gente não consegue avançar”, disse.
Falando sobre a atuação do Gaes, Marcela explicou que o grupo tem foco nas pessoas impactadas por casos de autoextermínio, trabalhando com acolhimento e prevenção. As pessoas impactadas, ela acrescentou, incluem sobreviventes de tentativas e ainda quem presta socorro e atendimento, como policiais e bombeiros.
“O suicídio pode ser prevenido e a vida pode voltar a ter sentido. Há técnicas de prevenção, posvenção e do momento em si. Uma das coisas mais interessantes é jogar a pessoa para o futuro, porque às vezes é um ato de impulsividade. A gente tenta vencer aquele episódio mais brusco. Pensar no futuro é importante para a pessoa visualizar e sair do lugar do sofrimento, porque é possível. A gente escuta quem ficou vivo, quem não conseguiu [concluir a tentativa], e a gente vê que isso faz sentido e faz a diferença também”, declarou a psicóloga, na palestra da campanha Setembro Amarelo.
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