O Encontro Arte, Cultura & Cidade, realizado nos dias 1º e 2 deste mês (sexta-feira e sábado), reuniu artistas e produtores culturais de Governador Valadares para fomentar a formação, produção e difusão artística de grupos e iniciativas da cultura local. O evento foi realizado pelo Centro de Informação e Assessoria Técnica (Ciaat) e uma das palestrantes convidadas foi a professora Patrícia Falco Genovez, do curso de Arquitetura e Urbanismo e do mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT), na UNIVALE, que abordou o panorama cultural em Valadares.
Em sua fala aos agentes culturais valadarenses, Patrícia recordou o processo de formação histórica e cultural do município, com um modelo que ela classificou como tradicionalista e patriarcal, e muitas vezes excludente. A pesquisadora, que possui formação em História (da graduação ao pós-doutorado), avalia que a historiografia oficial apresenta uma relação de dominantes e dominados, glorificando os primeiros e se esquecendo dos últimos. Patrícia recomenda aos produtores culturais que questionem essa relação, e que esse questionamento esteja presente nas ações culturais desenvolvidas em Valadares.
“Nosso panorama cultural ainda está muito longe de ser pesquisado e sistematizado. Mas o pouco que temos a respeito vem muito em função do percurso histórico da cidade e da própria região. Ainda percebemos aqui na cidade uma forte presença de normas, valores e práticas muito vinculadas a uma cultura tradicional, do pioneirismo. É uma cultura patriarcal e que ainda joga para as fronteiras, tanto da cidade quanto internacionais, aqueles elementos que destoam ou ousam questionar a lógica presente. Ainda temos também uma outra lógica, que é a do grande capital, e está em toda a cidade. Não só em Valadares, mas em toda a região. E é uma lógica exploratória, predatória e que nos trouxe a um cenário extremamente difícil e caótico. Vejo o panorama cultural da cidade muito preso a esses valores e práticas”, avaliou a professora.
Após a palestra, o coordenador-executivo do Ciaat, Antônio Carlos Borges, o Toninho, pediu a palavra e disse que, intuitivamente, ele sabia da necessidade de realizar o encontro para articular a classe artística e pensar o que se deseja construir para a cultura em Valadares. Mas, para Toninho, após a fala da professora Patrícia “as peças se encaixaram melhor”, esclarecendo o tamanho da importância do evento: “O fazedores de cultura aqui têm que atuar no sentido da contracultura, porque a cultura oficial só valoriza uma elite muito fechada, que expulsa para as fronteiras, para fora da bolha e do centro, quem não reflete os valores dessa mesma elite. E o papel de quem faz cultura é contar outras histórias e valorizar outras artes e outros grupos”.
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