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Foto de momento de formação em direitos na comunidade quilombola Ilha funda

Bolsista se torna a primeira quilombola a concluir mestrado na UNIVALE

26 junho, 2025

Originária do quilombo Ilha Funda, no município de Periquito, e pedagoga por formação, Maria do Carmo Silva, conhecida como Fisika, cursou o mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT) da UNIVALE com uma bolsa fornecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes, órgão do Ministério da Educação responsável por expandir e consolidar a pós-graduação no país), em ação afirmativa para povos tradicionais. Na terça-feira (24), ela teve a dissertação aprovada e se tornou a primeira quilombola a concluir o mestrado na instituição, com pesquisa autoetnográfica que aborda temas como memória, ancestralidade e protagonismo feminino.

Foto de Maria do Carmo Silva, a Fisika
Maria do Carmo Silva, a Fisika

Intitulada “R-existir para resistir: as expressões culturais e a luta pela demarcação do território quilombola de Ilha Funda (décadas de 1980 a 2020)”, a pesquisa teve orientação da professora Patrícia Falco Genovez e coorientação da professora Fernanda Cristina de Paula. No estudo, Fisika trouxe uma narrativa histórica a partir da própria vivência e memória pessoal, entrelaçadas com a história coletiva da comunidade.

“Utilizei conceitos como território, territorialidade, identidade e memória quilombola, em uma abordagem territorial humanista e cultural, onde o espaço territorial é visto não como um simples espaço, mas um espaço vivido, simbólico, cultural e afetivo. Eu evidencio nessa pesquisa a ancestralidade e o protagonismo feminino, também trazendo muito presentes as culturas e os saberes tradicionais”, afirmou Fisika.

Em uma construção participativa, a pesquisadora mapeou e identificou os núcleos que deram origem à comunidade. “Foi uma pesquisa de cunho participativo, bibliográfico e exploratória. Realizamos entrevistas e rodas de conversa, foi um trabalho muito gracioso. Espero que essa dissertação seja um instrumento que inspire outras comunidades a resgatar suas memórias e fortalecer suas lutas. E reafirmo também que o quilombo Ilha Funda é um sujeito político coletivo, em busca da sua autonomia e em defesa da sua liberdade e dos seus direitos, onde a ancestralidade e o protagonismo feminino sejam o esteio da resistência. Busquei na pesquisa usar a metáfora do fogão a lenha, que é um instrumento forte e significativo dentro de uma casa quilombola, e de toda a comunidade quilombola. Porque o fogão significa, para o quilombola, o coração da casa. É onde se reúnem os saberes, é onde as pessoas se sentam para contar histórias, contos, causos e casos”, relatou a agora mestra em Gestão Integrada do Território.

Captura de tela da videoconferência em que a quilombola Maria do Carmo, a Fisika, teve dissertação aprovada no mestrado da Univale
Videoconferência em que Fisika teve dissertação aprovada no mestrado da Univale

Protagonismo quilombola na pesquisa

Orientadora da pesquisa, a professora Patrícia Genovez considera que o trabalho de Fisika demonstra o protagonismo quilombola não apenas como objeto, mas também como sujeito, método, território e horizonte de futuro. Ao propor novas formas de gestão do território baseadas no diálogo de saberes, avalia a docente, Fisika discute implicações para políticas públicas, planejamento e educação territorial.

“Pesquisas dessa natureza se tornam um exemplo emblemático de como o GIT realiza sua função social, uma vez que o GIT atua como instrumento de devolução simbólica e concreta aos povos que têm historicamente seus territórios invadidos, explorados ou invisibilizados no Vale do Rio Doce. A concessão da bolsa não é uma concessão caritativa, mas um reconhecimento do valor intelectual, histórico e político dos povos tradicionais. A universidade, ao acolher essa produção, legitima a pluralidade epistemológica e contribui para a reconstrução de narrativas territoriais em perspectiva decolonial. A dissertação da Fisika é um tipo de produção do conhecimento comprometida com a transformação social e o pertencimento, trata-se de um ato de justiça territorial e uma forma de retorno à comunidade”, observou Patrícia.

Foto de intercâmbio cultural no dia da Consciência Negra, no quilombo Ilha Funda
Intercâmbio cultural no dia da Consciência Negra, no quilombo Ilha Funda

A banca que avaliou a pesquisa foi composta ainda pelos docentes Maria Terezinha Bretas Vilarino e Mauro Augusto dos Santos, e pelo professor convidado Aderval Costa Filho, do departamento de Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“Além de liderança quilombola, a Fisika está envolvida em vários movimentos sociais e organizações de base a favor das comunidades tradicionais, da agroecologia, da vida, do cuidado. Para além de uma ação afirmativa, a UNIVALE e as orientadoras, professoras Fernanda Cristina de Paula e Patrícia Falco Genovez, estão de parabéns pela acolhida, sensibilidade e competência. A dissertação é exemplar e um marco nos estudos étnico-raciais e de comunidades quilombolas no leste do estado. Fisika representa muitas vozes historicamente silenciadas e personifica a sabedoria dos seus ancestrais ao apresentar altivez e bravura do quilombo Ilha Funda, seus diacríticos, sua luta pela demarcação do seu território. Fisika segue sendo presença solidária e profética juntos aos povos do campo”, afirmou o professor convidado.

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