Você conhece alguém que começa a se coçar quando está sob estresse intenso? A influência que o estado emocional exerce sobre o corpo foi estudada na Inglaterra, e pesquisadores da Universidade de Cambridge e do King's College London concluíram, em um estudo publicado em julho deste ano na revista científica Rheumatology, que os distúrbios psicológicos estão presentes na maioria dos pacientes com doenças autoimunes crônicas. Membro titular da Associação Brasileira de Psiquiatria, Jacques Berman também é professor do curso de Medicina da UNIVALE e comentou a relação entre transtornos emocionais e doenças autoimunes.
Essas doenças, explica o psiquiatra e coordenador da disciplina de Saúde Mental na universidade, são aquelas em que o organismo reconhece células próprias como estranhas ao corpo, e as ataca, provocando reações que afetam o sistema imunológico e variam conforme o órgão ou sistema afetado. Entre essas doenças, Berman lista o lúpus, artrite reumatoide, diabetes tipo 1, artrite psoriática (psoríase), tireoidite de Hashimoto e a doença de Crohn (que provoca desarranjos intestinais).
O professor explica que, embora exista um componente genético em certas doenças autoimunes, o estresse e fatores externos podem contribuir para esse adoecimento surgir, uma vez que desarranjos emocionais e distúrbios ligados à ansiedade e ao humor tendem a afetar o sistema imunológico.
“Nem todo mundo que tiver ansiedade ou depressão terá doenças autoimunes, é só um percentual. A gente vê que é um público selecionado, em faixas de idades selecionadas. Não se pode dizer necessariamente que quem tiver depressão vai ter doença autoimune, e que quem tiver doença autoimune vai ter depressão. Mas existe uma ocorrência maior, ou de fases de aparecimento ou recaída dessas doenças, que pode estar associada a fases em que a pessoa está atravessando um estresse emocional elevado. Mas não se pode dizer que o estresse foi o único fator a desencadear uma doença autoimune, também existem componentes genéticos que estão associados a ela”, pondera o psiquiatra.
Citando o ditado popular que prega “mente sã em um corpo são”, o médico recomenda cuidar simultaneamente da saúde física e da emocional. Jacques Berman enumera situações que podem comprometer o estado emocional, como relacionamentos tóxicos (românticos, familiares, profissionais e até mesmo amizades), alcoolismo, abuso de substâncias e ritmo de vida muito acelerado, e ainda ressalta que medicamentos imunossupressores têm efeitos adversos no humor.
“A gente sabe que as doenças autoimunes estão muito ligadas também ao bem-estar psíquico. Então como a gente pode, de alguma forma, reverter, neutralizar ou tentar minimizar os efeitos? Com hábitos de vida saudáveis, dieta, sono adequado, combate ao sedentarismo e psicoterapia. É importante combater o estresse, o desgaste emocional, tudo aquilo que está afligindo muito”, orienta o professor.
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