O seminário “Escutando quem cuida: saúde mental dos profissionais de saúde” foi realizado nesta sexta-feira (26) no campus II da UNIVALE, para promover reflexão e conscientização sobre impactos da rotina de trabalho em aspectos emocionais de profissionais da saúde. Ao longo do dia, as discussões trataram de avanços, desafios, possibilidades de assistência e dados epidemiológicos relacionados ao tema, permitindo uma atuação de forma saudável e eficaz.
A organização do seminário foi de professores do curso de Psicologia e do laboratório de pesquisa em Saúde, Indivíduo e Sociedade (Sais), vinculado ao mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT), em parceria com o Espaço de Apoio ao Aluno (Espaço A3). Aberto à comunidade externa, o “Escutando quem cuida” reuniu estudantes e egressos de cursos do Núcleo da Saúde, docentes do GIT e de cursos de graduação, e profissionais da rede de saúde.
Coordenadora do Sais, a professora Suely Rodrigues destacou a necessidade de discutir a saúde mental de quem tem a preocupação de cuidar de outras pessoas, mas também precisa cuidar de si própria. “O objetivo do seminário é escutar quem cuida. Os estudos comprovam que as pessoas que estão no cuidado diário são pessoas que muitas vezes se descuidam [de si próprias]. Principalmente em relação à saúde mental, com excesso de trabalho. E isso tem causado principalmente a síndrome de burnout. Esse seminário é justamente para alertar os profissionais da área de saúde quanto ao cuidado que precisam ter consigo mesmos”, disse Suely.
Idealizadora do seminário e professora do curso de Psicologia, Marina Soares lembra que a saúde mental dessas categorias profissionais é frequentemente impactada por morte, adoecimentos graves, carga horária excessiva e relações interpessoais com pacientes e com outros profissionais. “Esse tema é muito importante principalmente após a pandemia de covid-19, em que os profissionais de saúde estiveram na linha de frente de enfrentamento, com sobrecarga de trabalho que pode levar ao esgotamento emocional”, afirmou Marina.
A primeira roda de conversa do dia abordou os avanços e desafios nas relações entre adoecimento mental e o trabalho na área de saúde. A professora Sara Edwirgens trouxe discussões da tese defendida no Doutorado Interinstitucional, que ela concluiu na parceria entre a UNIVALE e a Universidade Federal de Santa Catarina – em seus estudos, a docente pesquisou as políticas públicas voltadas a profissionais da rede de enfrentamento à violência contra a mulher.
“A preocupação é ouvir esses profissionais. Quem está falando sobre eles? Quem está pensando nesses profissionais? Como é o cotidiano deles? Na pesquisa, as investigações mostraram que existe uma brecha que precisa ser sanada. Esses profissionais vivenciam, no seu dia a dia, a presença de pessoas que lidam com alto índice de estresse, e elas também são impactadas por isso. A gente está atuando para solucionar, ou diminuir significativamente e urgentemente, essa realidade de violência. Mas a gente tem que pensar nessa pessoa que está na linha de frente e vivencia também um cotidiano de violência”, declarou Sara.
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