Para a nutricionista Milena Simões, a segurança alimentar e nutricional deve ser classificada como um direito fundamental do ser humano. Professora da UNIVALE nos cursos de Nutrição e de Medicina, Milena participou do programa Questão de Direito, da UNIVALE TV, e conversou com o professor Bernardo Nogueira sobre como as condições socioeconômicas afetam o acesso a uma alimentação saudável em quantidade e qualidade.
“Quando a gente fala de segurança alimentar, a gente já pensa em acesso ao alimento. E realmente é isso, garantia de alimento em relação à quantidade, distribuição adequada e acesso também à qualidade. Por isso o termo nutricional se adentrou. Não basta o indivíduo ter acesso ao alimento, se esse alimento não tiver qualidade de fiscalização, de produção, de distribuição e de manipulação”, afirmou a professora.
Com atuação e pesquisa voltada para campos como saúde coletiva e epidemiologia, Milena enfatiza que condições socioeconômicas impactam as condições de saúde dos indivíduos. “Se a gente não conhece o indivíduo, com todas as suas questões sociais, a nossa intervenção vai ser falha. A gente sabe a influência da alimentação saudável em toda a condição de saúde. E não só saúde física, porque uma pessoa com fome não consegue pensar. Uma criança na escola, que não tenha alimento em casa, só vai pensar na merenda da hora do intervalo. Ou um paciente tratado com medicação, se não tiver uma alimentação adequada à patologia dele, provavelmente a medicação não terá o efeito que deveria ter”, explicou.
Ao conversar com Milena, o professor Bernardo Nogueira, do curso de Direito, concluiu que não é possível haver justiça social quando ocorre insegurança alimentar e nutricional. “Olhar para a segurança alimentar nos possibilita a construção de um cenário social, que acaba brotando a partir das informações nutricionais da pessoa. É interessante, como Aristóteles dizia, que o ser humano é um animal político. Todas as nossas formas de manifestação se dão dentro de um contexto social, não dá para olhar a questão nutricional sem olhar a questões como moradia e a saúde pública de uma maneira geral”, analisou Bernardo.
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