Na semana em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência (11 de fevereiro), o Núcleo Interdisciplinar Educação, Saúde e Direitos (Niesd), laboratório do mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT), da UNIVALE, em parceria com pesquisadoras da Universidade Federal de Minas Gerais, da Universidade Federal de São João del-Rei e Universidade Federal do Triângulo Mineiro, aprovou um projeto em rede regional, em um edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Ministério das Mulheres, pela inclusão de mulheres e meninas na ciência. O projeto é intitulado “Meninas da Educação Básica, graduandas e professoras nas áreas de Ciências Exatas apropriando-se de estratégias de pesquisa de opinião e constituindo-se como produtoras de conhecimento sobre as relações entre gênero, raça e Matemática”.
A pesquisa tem como objetivo geral criar oportunidades para que meninas, estudantes do Ensino Fundamental, reflitam e se constituam como produtoras de conhecimento sobre as relações de gênero, raça e Matemática, analisando como elas se apropriam de estratégias de pesquisa, de procedimentos e ferramentas para produção, tratamento e análise de material empírico, e de recursos de divulgação científica. Além disso, o estudo pretende analisar as contribuições para a formação profissional de docentes e graduandas da área de Ciências Exatas, Engenharias e Computação, por meio da reflexão e dos aprendizados oportunizados às estudantes.
A realização da pesquisa se justifica pela necessidade de inclusão de mais meninas na ciência, especialmente nas áreas de Ciências Exatas, Engenharias e Computação, ampliando suas opções de escolhas escolares e profissionais. Será formada uma rede de grupos de meninas que cursam o 7º, 8º ou o 9º ano do Ensino Fundamental em escolas públicas de cinco cidades de Minas Gerais (Belo Horizonte, Governador Valadares, Ouro Preto, São João del-Rei e Uberaba), para que elas, desenvolvendo atividades escolares de Matemática, com recursos da Estatística, lidando com ferramentas de tratamento da informação, assumam o protagonismo da produção de conhecimento sobre tais relações. Será adotada a metodologia do Programa Nossa Escola Pesquisa sua Opinião (Nepso). O grupo de Belo Horizonte será formado exclusivamente por meninas surdas sinalizantes e terá como lócus de pesquisa a Associação de Surdos de Minas Gerais.
O projeto receberá fomento do CNPq para custeio, bolsas de iniciação científica júnior para as estudantes da educação básica, estudantes da graduação, bolsas para professoras da educação básica e bolsas de pós-doutorado. É importante destacar que se a inclusão de mulheres e meninas na ciência já é um desafio, quando se adiciona a interseccionalidade entre gênero e raça esse desafio se amplia pelo racismo estrutural na sociedade e, para as meninas surdas, adiciona-se a dificuldade da língua.
A realização da pesquisa possibilitará ampliar o conhecimento sobre as relações de gênero, raça e Matemática, bem como a inclusão das meninas na ciência, com incentivo a graduandas na área de Ciências Exatas e docentes em formação. O estudo contribuirá de modo específico para a inclusão de meninas surdas nos processos educativos, oferecendo subsídios para a discussão dessas temáticas em escolas, com professoras que ministram disciplinas de Ciências Exatas, com gestoras e gestores escolares, com o coletivo escolar, e em cursos de formação de professoras.
