O seminário “Início do ato, fim da vida: Desafio e perspectivas na redução da mortalidade infantojuvenil” foi realizado na segunda-feira (4) para discutir políticas públicas e ações estratégicas para a redução da mortalidade de adolescentes em situação de atos infracionais. Entre os palestrantes estavam uma egressa e uma aluna do mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT) da UNIVALE – a estudante também participa de pesquisa sobre acesso à educação para jovens em conflito escolar ou privação de liberdade, e outras pesquisadoras do grupo também participaram do seminário.
Intitulado “Relação com o saber e a escola: estudo com jovens em situação de conflito escolar na capital e no interior”, o trabalho conta com pesquisadoras do Núcleo Interdisciplinar de Educação, Saúde e Direitos (Niesd, um laboratório do GIT) e do Observatório da Juventude da UFMG. O estudo tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e busca compreender as relações com o saber e a escola estabelecidas por jovens em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, atendidos por dois Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) em Belo Horizonte, e em um outro em Governador Valadares.
Integrante da equipe que realiza a pesquisa, a professora do GIT, Fernanda Cristina de Paula, esteve presente ao seminário, e considera o evento como uma importante oportunidade de divulgação do estudo.
“O projeto de pesquisa já acontece como resultado de uma relação entre poder público e universidade. Esse diálogo, com os profissionais de diversas áreas que trabalham com os jovens que estão em cumprimento de medidas socioeducativas, é fundamental para compreender universos, desafios, potencialidades e problemáticas que permeiam essa situação. Isso pode contribuir para o bom andamento da pesquisa, para reflexões que condizem com a realidade. Uma integrante da equipe foi uma das palestrantes convidadas, esse tipo de evento alimenta a pesquisa e ajuda para que o trabalho seja, no futuro, um bom instrumento a ser utilizado para desenvolver políticas públicas que possam ajudar a dirimir essa situação”, avaliou Fernanda.
A pesquisadora integrante do grupo que palestrou no seminário foi Gisela Oliveira Costa e Silva, que também é mestranda no GIT, além de assistente social do Sistema Judiciário e funcionária da Vara da Criança e Adolescente. Outra palestrante ligada ao mestrado foi a egressa Adeliana Xavier, que é delegada da Polícia Civil e para quem o GIT, por meio de disciplinas e docentes, contribuiu com conhecimentos sobre dados de índices de violência, inclusive as praticadas contra jovens negros e pardos.
“A violência está inserida na nossa sociedade em Governador Valadares. Os professores e as matérias do GIT fazem com que a gente pense fora da caixa. A gente passa a enxergar a violência muito perto, ao invés de enxergar a violência de uma maneira distante”, observou a delegada.
Também estiveram presentes ao seminário outras integrantes do grupo que pesquisa o acesso à educação para jovens em cumprimento de medida socioeducativa. Uma delas é a bolsista de iniciação científica Laura Gomes da Silva Freitas, aluna do 4° período de Psicologia na UNIVALE. Ela acredita que o estudo realizado em Valadares e em Belo Horizonte pode dar mais visibilidade ao tema, e assim contribuir com a formulação de políticas públicas para jovens em conflito com a lei.
“Não sei se é por causa da bolha que eu vivi, mas eu não tinha ouvido falar muito sobre o assunto. A gente só ouvia aqueles comentários preconceituosos, culpando, falando que bandido bom é bandido morto. A pesquisa mostra o outro lado da história, mostrando que são jovens que têm sonhos e desejos, mas que, infelizmente, por causa de circunstâncias externas e internas, eles acabam indo para um caminho que eles consideram mais fácil. Muitos deles entram no tráfico das drogas, porque lá é dinheiro fácil para conseguirem sustentar suas famílias. A maioria é de pessoas pretas, são de bairros periféricos, não têm muitas condições financeiras. A pesquisa ajuda a ter esse olhar, que ali há fatores sociais e econômicos que precisam ser resolvidos dentro do nosso país. Essa pesquisa pode ajudar muito nesse sentido”, declarou Laura.
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